Agora que acabou a participação brasileira, bora juntar os cacos e tentar um relato. A Copa pegou a gente num momento não muito favorável, para ficar no tucanês de praxe. Por isso, não gerou expectativa, não fez ninguém contar os dias para o início, tampouco criou platéia diante da tevê para a solenidade de abertura, esss coisas. No início, eram só os jogos do Brasil, porque afinal não dá - nem há por quê - pra escapar do clima geral que toma conta de todos, com a dispensa do trabalho, a curiosidade das crianças e todas as outras camadas de papel de presente que envolvem o espetáculo do campeonato mundial de futebol.
Mas no meio do caminho, não tem jeito: quando a gente vê, já providenciou aqueles badulaques verde e amarelo para a garotada, já marcou almoço com os amigos no dia do jogo, já sofre como um desgraçado a ansiedade das partidas propriamente ditas. Enfim, quando a gente vê, por mais insignificante que seja a ligação com o mundo tradicional do futebol, já se está completamente vencido pelo show que é a Copa. Um belo show, quer a gente ganhe ou não. Se não fosse pela destreza dos jogadores - e não só os brasileiros, claro - seria pelo falta de destreza dos juízes, esses sim grandes promotores dos momentos de maior emoção, tamanha a carga de erro que são capazes de cometer. Um erro de um juiz, a gente sabe, embora lamente, tem tudo para corresponder a uma carga emocional de revolta que faz o torcedor se desdobrar ainda mais contra ou a favor de alguém. Nâo falo nem de juiz corrupto, mas juiz vacilão como aquele que anulou o gol da Inglaterra é, realmente, parte vital para este espetáculo. Sem ele, aquela partida teria sido outra coisa.
O primeiro tempo de Brasil e Holanda também foi de roer as unhas das mãos e dos pés de um time inteiro, incluindo os reservas. Do segundo tempo não ouso falar, porque além do mais abandonei o campo, digo, a sala e a tevê, logo depois do segundo gol dos descendentes de Maurício de Nassau. Pra quem começou a ver os jogos do Brasil na Copa meio com um rabo de olho desinteressado, o desfecho ficou um pouco demais. E, no entrecho, tivemos um embate à parte, o de Dunga com os grandões da Globo, que valeu por uma Copa à parte. Coitado, agora o técnico brasileiro vai provar o gosto da derrota propriamente dita - embora, como disseram muitos, depois de peitar tamanhos poderosos, já estivesse certo de que seria chutado do cargo mesmo que tivesse vendido na África.
Enfim, lições da Copa, essa escola de esportividade e entretenimento - pra não falar na parte financeira - que também se mostrou bem instrutiva em termos de preconceito social e linguístico (mais sobre isso na coluna da próxima terça no "Novo Jornal", de Natal).
Um comentário:
vou torcer pra alemanha agora, sebá ( e não é pra ser contra los hermanos, não...).
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