sábado, 5 de novembro de 2011

Novo endereço

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Considerações em torno do "Palhaço"

Meu Holden Caufield foi Pedro Bala. Meu "Apanhador no campo de centeio" foi "Capitães da Areia". Meu Chaplin, Renato Aragão. Meu Lennon, Zé Ramalho. Porque no interior nordestino dos anos 70, tudo era mais lento. Mas não se engane, tudo era mais sólido. Tudo rendia mais, possibilitava muito - e desse tudo não se costumava desprezar nada. Era como a metáfora escolar preferida pelas professoras primárias da época, a da carnaubeira, palmeira da qual nada se perdia, dos frutos às fibras. Essas notas me chegam a reboque de filmes vistos recentemente, como a adaptação do "Capitães da Areia" pela neta de Jorge Amado, que traz de volta um livro fundamental e iniciático; e o segundo Selton Mello, "O Palhaço", onde a atmosfera é de um certa urbanidade de hora do ângelus no interior do Brasil que transpira anos 70 por todos os frames. . Leia o post completo no NOVO SOPÃO DO TIÃO: http://novosopaodotiao.blogspot.com/ Pegue o atalho clicando aqui.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Nas cercanias da Ribeira

Da ultima temporada em Natal, no país do elefante manso. Clique numa das fotos para ampliar e ver todas no slide show.

Leia na Hamaca

"Preenchido por essa mistura de sensações, ninguém deixa a missa da manhã de domingo aos tropeções: é uma saída mansa, algo etérea, quase em câmera lenta, como se as almas redesenhadas pela purgação ritualística dos pecados voltasse à vida normal com cuidado e calma, ciosa de não cometer novas infrações pelo menos nas primeiras horas da semana que se reinicia. Todo mundo sai um pouco santificado da missa matinal do domingo, quase da mesma maneira indecisa e trôpega como o bebum oficial da cidade deixa o último bar ao alvorecer do dia – e era isso que aquela visão mostrava. Um instante do tipo que não vai figurar jamais nos roteiros consagrados dos guias turísticos, da qualidade daquelas atrações que não tem preço, da modalidade de fruição que depende muito mais da disponibilidade do viajante do que da ansiedade do turista." Do post "Nas Brumas de Pirenópolis". Leia o texto completo clicando aqui.

Valsa desesperada



Esta é a Sinfonia de Praga, a música que enche as paredes do refúgio de Luca Rossini nas cercanias da cidade do Vaticano quando ele quer distância do mundo e a proximidade de si mesmo que aquele mundo nem sempre permite. É ao som dessa valsa atormentada que ora envolve e nina o ouvinte e ora o arremessa na parede com a força de suas cordas que o cardeal Rossini mitiga suas danações pessoais em mais um daquelas típicas narrativas dramáticas do autor de best seller Morris West.

O livro é "A Eminência", mais um da série vaticaniana que contém também o bom "As Sandálias do Pescador" e o excelente e subestimado "O Advogado do Diabo", primeiro a cair nas mãos do projeto de leitor que eu fui e continuo tentanto melhorar. Luca Rossini é um cardeal ítalo-argentino torturado da maneira mais escandalosa e que, acolhido no Estado da igreja católica, lambe lá suas feridas incicatrizáveis, abanando-se com uma folha corrida que envolve, além da perseguição política sob a ditadura militar argentina, um caso de amor e uma filha não autorizada. E, mesmo assim, o homem vê-se na iminência de ser eleito papa - o sucessor mais heterodoxo possível de um morto com todas as caracteríticas de João Paulo II.

Um virtual e possível papa do terceiro mundo, marcado polticamente pelas sangrias desse pedaço do planeta e demarcado pessoalmente por uma crise de fé na igreja e nas pessoas que não encontra qualquer pararelo no Bento XVI em vigor. Morris West, que apontou para a emergência de Karol Wojtyla antes do João Paulo II que não veio da Itália ocupar o trono de Pedro, escreveu de olho em mais uma previsão. Ainda não foi desta vez, mas a dramaticidade - descontados os jorros contidos nos diálogos que são tão a cara da prosa bestsélica de West - está toda lá, neste "A Eminência" onde a citação da Sinfonia de Praga é parte do pacote de circunstâncias, crises e possibilidades exploradas pelo livro. A música na íntegra você encontra grátis no YouTube e livro completo está disponível nos sebos da esquina.