terça-feira, 26 de maio de 2009

BR-226 (5)

Lá no meu sertão,
La Strada não me foi
assim tão cinema.

Não encontrei
Gelsomina nem Giulietta
Tampouco o Anthony
mais forte do mundo.

Só o que avistei foi
um tal de Quinca
e uma mulher véia
por nome Marieta.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Os baluartes da ética (2)


Para completar a postagem anterior, vai aí um chavão que insiste em se reafirmar - aquele segundo o qual uma imagem vale por mil palavras. Quem tem mais de dez anos de idade vai entender claramente. Os mais velhos podem pesquisar no Google digitando P-36.

Os baluartes da ética (Entreblogues)

Já leram o blogue de Ricardo Kotscho hoje? A última postagem relaciona a CPI da Petrobrás com os pecados da imprensa de uma maneira bastante exata. Confiram no trecho abaixo, que também nos serve de pretexto para incluir o blogue na lista dos "Outros Cardápios", ali ao lado.


"E já que esta bobagem de terceiro mandato não assusta mais ninguém, a não ser alguns colunistas e a Velhinha de Taubaté, grandes estadistas tucanos, como Álvaro Dias, do Paraná, e Arthur Virgílio Neto, do Amazonas, resolveram tirar da manga um outro factóide: a CPI da Petrobrás.
No melhor momento da vida da maior empresa brasileira, quando o mundo todo está de olho nas recém-descobertas reservas do pré-sal, os nobres senadores da oposição juntam meia dúzia de recortes de jornal para montar o circo da CPI, que eles imaginam capaz de abalar o governo e alavancar para 2010 a candidatura presidencial do consórcio PSDB-DEM-PPS, estes baluartes da ética e do progresso.
Como não têm nenhuma proposta para melhorar a vida dos brasileiros, resolveram jogar ”no erro do adversário”, como se diz no futebol. O governo bobeou, acreditou mais uma vez na fidelidade do seu aliado PMDB, e lá estão nas manchetes, em lugar do mar de lama que inundou o Congresso Nacional, os valentes criadores da CPI da Petrobrás.
A exemplo do que tem acontecido em todas as últimas “crises do fim do mundo”, quando um tema caro (nada é feito de graça) à oposição monopoliza todo o noticiário, é dos leitores e não de jornalistas que surgem as melhores análises sobre o que está acontecendo.
Quem melhor resume esta história nos jornais de hoje é a leitora Mara Chagas (São Paulo, SP) em carta publicada no Painel do Leitor da Folha:
“Mais uma CPI aberta por força do `patriotismo´do PSDB. O senador Arthur Vinrgílio se diz `preocupado´com o nosso patrimônio nacional. Desde quando? Quem vendeu empresas brasileiras a preços de banana, no limite da irresponsabilidade? O pior é que tudo começa com muito estardalhaço e termina com um belo acordo por baixo do pano. Já vimos este filme. Gastam-se tempo, saliva e dinheiro, enquanto Lula viaja embalado na sua enorme popularidade”.
Eles ainda não se deram conta de que não enganam mais ninguém."

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O chamado do mercado

Outro dia os sites de notícia estamparam em manchete que a jornalista Ana Paula Padrão vai voltar à televisão, ancorando o telejornal noturno da Rede Record. A justificativa que a jornalista deu para explicar sua volta é que é o diabo. Ela disse que retorna ao vídeo porque o mercado a chamou de volta. Não foram as tendências do noticiário, não foi a necessidade do cidadão de contar com uma informação televisiva diferenciada na rede que concorre com a Globo, não foi a paixão profissional que leva o detentor de um ofício a se ver impedido de viver sem exercer esse desígnio. Foi o mercado.

Nada mais sintomático da situação do jornalismo atual no país - esse mesmo jornalismo que um deputado coberto de lama tem o poder, lamentavelmente legítimo, de acusar. Se o que traz de volta ao ofício uma jornalista com Ana Paula Padrão é o chamado do mercado, então o produto desse jornalismo, metáfora assumida, é mais do que nunca uma mera mercadoria. É um jornalismo que serve a interesses privados - e não às demandas da sociedade, e sociedade aqui vista como algo mais do que uma classe média e alta ávida por consumir mais e mais. Uma sociedade que precisar incluir no seu conceito gente como os eleitores de Sérgio Moraes - aqueles mesmos que, como disse o deputado, estão, eles sim, se lixando para o que sai nos jornais. Ána Paula Padrão diria que esses não se interessam por notícia, não consomem idéias sofisticadas e, como tal, estão fora do mercado mesmo.

Nas reportagens sobre sua volta, a jornalista conta que sempre é abordada nas ruas e em restaurantes por gente que pede a sua volta. Gente simples, como garçons. O marido da jornalista é que teria interpretado essas abordagens como um chamado do mercado. É economista o marido da jornalista. Mantida ou reforçada a ordem das coisas no jornalismo de mercado, vamos seguir, agora com Ana Paula Padrão na Record, com o noticiário-mercadoria, a manchete-commoditie, a cidadania medida em taxas de consumo. Não será de se estranhar se, mais cedou ou mais tarde, já que estamos falando de mercado, se abater uma crise - como essa crise financeira mundial - sobre o jornalismo feito por profissionais surdos às mudanças e necessidades sociais e atentos ao menor silvo do deus mercado.

Leia agora, na Hamaca

"Belo livro para nos servir de mote. 'A Bagaceira' é aquele mesmo romance publicado originalmente em 1928, que impressionou o João Guimarães pré-Grande Sertão, abriu o chamado ciclo do romance nordestino no modernismo literário brasileiro (uma denominação sempre vista como algo preconceituosa e menor) e mostrou para o país o conflito entre sertanejos e brejeiros no país da Paraíba."

O trecho é da nova postagem na Hamaca de Poti, onde se chega abrindo a porteira abaixo:

www.hamaca.zip.net