Pronto, o estorvo está fora. Agora, oficialmente, de martelo batido e feridas abertas. É mais um capítulo na biografia de nervos expostos de Ciro Gomes, que depois de quatro anos de silêncio bem comportado, como que para contrariar a imagem que dele se construiu em campanhas passadas, volta a se materizalizar politicamente na figura de um rompante. Estaca zero, aqui estou.
Ciro, excluído, e ainda que declarando acatar a decisão final, é sempre um rebento, como aquele da canção de Gilberto Gil. Uma big bang permanente que, se ficou contida durante oito anos, quando mais quieta esteve mas tende a saracotear agora, nestes seis meses de campanha feroz que teremos pela frente. Admiro Ciro e a qualidade de sua sinceridade desastrosa que contraria o bom comportamento midiático de seus pares. Mas a circunstância em que ele se envolveu ao longo do processo da escolha do candidato do governo Lula retira as peças dessa admiração do lugar.
O erro de Ciro, o estopim de sua revolta, foi a crença que ele próprio construiu numa predestinação que nunca existe por si só - que precisa ser pacientemente trabalhada, como fez Lula ao longo de tantas derrotas. Para Ciro, a candidatura soava como dádiva. E quanto ela não veio, quando sua viabilidade não foi construída, como disse Eduardo Dutra, Ciro, emburrado, ficou diante do espelho como uma imagem invertida de Serra: aquele que não admite que lhe seja negado o direito de concorrer.
Aquele que se considera tão preparado, mas tão preparado, para o cargo máximo do país, que considera também um insulto este mesmo país não lhe entregar, de mãos postas e coração remido, a faixa presidencial.
Um comentário:
Se compararmos com a Dilma o Ciro é realmente mais bem preparado. Votei 3 vezes para presidente, as 3 em Lula. Agora vejo que ele meteu os pés pelas mãos ao escolher seu sucessor e não vai poder acusar ninguém por essa derrota.
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