1.DILMA
Na primeira mirada, um Robocop de saia, um sargentão de batom, paraíba mulher macho pós-feminismo, quase um Tonhão da TV Pirata. Num olhar menos apressado, uma criatura humana debaixo de uma carapaça política reforçada com aço trabalhado em materiais de resistência máxima, substância fundida em tempos de chumbo. Uma pessoa focada, dois mísseis em forma de olhar, uma peruca circunstancial na cabeça e uma caneta estratégica na mão. A Mulher Maravilha que saiu da tevê, ganhou uma papada, arredondou a silhueta e trocou os saltos heróicos pelos efeitos especiais dos mais meticulosos planos. Uma estratégia em forma de pessoa, um objetivo a alcançar na linha do horizonte, a máquina de medir que garante realizar o sonho, a engranagem que se apresenta pronta a viabilizar a utopia possível, a gestora dotada de faro político e com biografia à esquerda do poder que ora pode ser inflexível numa sala e ora negociável em outra. A candidata-estátua que parece ter pele de pedra, mãos de operário e mente de estadista para suceder o mito - incômodo mito vivo - mas que se dissolve como manteiga diante dos sais corrosivos de uma substância perigosa chamada PMDB, essa criptonita.
2 comentários:
Muito bom!
Ou melhor, muito bons! Os três perfis.
Nunca confie numa mulher de peruca.
Postar um comentário