quinta-feira, 18 de março de 2010

Saudades do "clube das leitoras acarienses"


Assim que foi criado, já lá se vão uns três anos, esse blogue passou a contar, quase que de imediato, com um grupo inesperado - inesperado pra mim, que nunca espero muito de nada - de leitores. Leitoras, pra ser mais preciso. Leitoras acarienses, para ser mais preciso ainda. E já que a precisão se faz tão presente nesta história, eu deveria citar os nomes dessas leitoras, listá-las, perfilá-las, agradecer a cada uma delas e por aí afora.

Pois, como se dizia antigamente, "aí é que está o busílis". Minhas leitoras acarienses eram todas anônimas, embora eu soubesse muito bem que elas existiam, que liam o blogue, que comentavam no dia seguinte quanto se encontravam e tal. Por isso mesmo, passei a chamá-las de "o clube das leitoras anônimas acarienses".

Se por acaso ou qualquer outro motivo eu duvidasse de que "o clube das leitoras anônimas" existia e continuava lendo este pobre "Sopão", não precisava me preocupar muito. Porque, mais cedo ou mais tarde, elas davam um jeito de me mandar um recado - sempre cifrado, claro, como convém a um grupo conhecido como "clube das leitoras anônimas acarienses".

Brincadeira à parte, de uma delas sei o nome - Rosália - e por ela tenho um carinho especial. Porque Rosália era o rosto visível daquele grupo envolto pela névoa dos bons mistérios: era a única a postar comentários aqui no blogue. Tivemos até um pequeno entrevero ocasionado por um mal entendido que, ao contrário do que você pode concluir, fez foi nos deixar mais próximos.

Em Acari, de férias, nas programações movimentadas da festa de agosto, minha cunhada, Sandra, vez em quando encontrava as leitoras anônimas do grupo no meio do agito noturno e me apontava: - Aquela ali é fulana, ela é uma das leitoras do seu blogue. Eu ficava com uma sensação esquisita, uma mistura de incredulidade e orgulho contido. É que a gente sempre acha que ninguém lê algo tão gratuito como é esse bloguezinho fugaz. Também batia uma certa empatia tímida que me impedia de ir lá, falar com elas, agradecer, saber o que achavam das postagens e tal.

Ou talvez fosse só um desejo de manter tudo como está: aquele distanciamento entre escrevinhador e leitor que garante o mistério da comunicação. Se eu fosse lá, falasse com elas, mantivesse um contato de outra espécie que não aquele estabelecido pela palavra escrita, talvez metesse os pés pelas mãos, fizesse algum comentário desapropriado, minha voz soasse meio engasgada - enfim, essas coisas que acontecem quando a gente fica nervoso. E aí, pronto, lá se vai a empatia que estava lá, quieta no blogue, sem precisão de mexerem nela.

Um dia, estava com Rejane - e com Cecília no colo - esperando um ônibus na parada da Ulisses Caldas, em Natal, quando se aproxima uma mulher muito simpática e sorridente e cumprimenta a gente, e puxa conversa, e anima aquele momento de espera. Olho pra Rejane meio que pedindo ajuda, porque não conseguia indentificar a feliz e inesperada interlocutora. Pois eu nem preciso perguntar nada, que a figura diz logo que conhece a gente do blogue - e que nos reconheceu por causa de Cecília (na época, havia uma foto pequena de Cecília comigo na template do "Sopão" que eu, acidentalmente, apaguei e nunca mais recoloquei). Nada mais "clube das leitoras anônimas acarienses" do que esse encontro na rua. Tenho certeza até hoje que aquela pessoa faz parte do clube, ainda que seja como simpatizante.

Antes de chegar ao ponto que justifica essa postagem - e esse tremendo recado para o "clube das leitoras anônimas acarienses" - preciso dizer que elas não moram, necessariamente, em Acari. Elas "são" de Acari, carregam esta condição onde quer que estejam, e isso, se você conhece alguém que nasceu ali, naquela bela cidade do interior potiguar, sabe que fará toda a diferença. Eu soube, por exemplo, que o "clube" costumava caminhar naquele calçadão da estrada de Ponta Negra, em Natal, e que justo este momento da caminhada matinal era a hora em que elas comentavam o que saíra nas últimas postagem do "Sopão".

Bom, agora o recado, sem firulas: ando sentindo falta do "clube das leitoras anônimas acarienses". Nunca mais ouvi um comentário sobre elas, nunca mais uma notícia sobre como reagiram a determinado texto, nunca mais um sinal como a moça da parada de ônibus da Ulisses Caldas, nunca mais, nunca mais. E como faz falta, viu?

Alô, Rosália, você ainda está aí? Por caridade, reative o clube, renove as carteirinhas, organize novas reuniões informais como aquelas das caminhadas na estrada de Ponta Negra e eu prometo que nas próximas postagens vou dar um jeito de pegar de novo o caminho das crônicas seridoenses, do mundo que vive à sombra do maçiço da Rajada, do vapor algaboreiro do lugar de onde viemos, vocês e eu.

Capaz até de eu fazer uma promessa pagã, na esperança vã de ter vocês de volta: prometo, na medida do possível, passar o Natal deste ano em Acari, como o fiz na época da criação do blogue, numa jornada interiorana que me rendeu um punhado de boas recordações, vastos centímetros de textos no blogue ainda recém-criado e o prazer de ser lido por todas vocês.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tião , a quinze dias atrás estive com boa parte delas, vc não se assuste se no são joão algumas delas não aparecerem aí na sua casa .bjus sua cunhada Sandra ,sim e ja disse a Glorineide que qdo Nany vier a natal vai visitar a loja dela e esperimentar o seu divã tão falado por jesus .

Rosália Maria disse...

E quem foi que disse que deixei de ler seu blog?? Continuo sua leitora fiel, adorei a postagem sobre "nada pra Cruzeta". Quanto as outras leitoras, não as tenho encontrado, Natal está virando metrópole rsrsrs. Não duvide se aparecer alguém daqui no São João da sua casa. Eu, Jesus de Miúdo e outros, nos largamos daqui para encontrarmos uma "ruma de acarienses em S.Bernardo do Campo...quem sabe, se tiver uma promoção da Gol ou Tam...