Uma semana de recesso oficial e lá se foi o blogue para mais uma temporada de silêncio forçado. Estou retornando agora e, enquanto o motor vai sendo reaquecido para novas postagens, desperto os leitores tão entediados quanto o blogueiro com um minidicionário entre sentimental e exato que achei no Blog da Conceição, jornalista do Correio Braziliense que é capaz de matar por amor a Brasília. Confiram - e, se houver possibilidade de uma viagem qualquer para o Planalto Central, imprimam o texto de Conceição e botem no bolso, à guisa de guia de viagem. Vai ser muito útil. Ao texto:
OS NOMES DA CIDADE
CONIC era o nome de um dos prédios do Setor de Diversões Sul. Havia uma placa bem grande com o nome Conic. Por isso o nome de um prédio passou a identificar o conjunto inteiro. ELEFANTE BRANCO porque era uma construção muito grande, com duas rampas que parecem a tromba e o rabo do elefante, e que ninguém sabia o destino que seria dado à obra. SAMDU é nome de uma avenida de Taguatinga. Nela, havia o Serviço de Atendimento Médico Domiciliar de Urgência, o Samdu. Bons tempos. A PRAÇA DO BICALHO tem o sobrenome do comerciante Moacir Dias Bicalho que montou o primeiro armazém da QND, a Bicalho Móveis. IAPI era o nome de um dos institutos previdenciários que custeavam a construção de blocos de apartamentos para seus funcionários. IA-IA era o apelido dos blocos das superquadras de Brasília que foram construídos por institutos.
LANOLÂNDIA, uma invasão feita de barracos de lona onde hoje é a Candangolândia. Na SACOLÂNDIA, os barracos eram de sacos de cimento. GRAN CIRCO LAR, um circo que foi montado ao lado do Touring, primeiro para apresentações de grupos de rock, depois para ensinar malabarismo a meninos de rua. GRANDE CIRCULAR é a linha de ônibus mais famosa da cidade, símbolo das Asas da borboleta de Lucio Costa. CATETINHO vem de Catete, o palácio presidencial no Rio de Janeiro, a antiga capital. GEB era a temida Guarda Especial de Brasília, arregimentada entre os candangos mais fortes, destemidos e, na maioria dos casos, violentos.
GRAMINHAS eram os fiscais da Novacap que saíam pela cidade fiscalizando as gramas e fazendo a molecada correr. As ZEBRINHAS estão aí até hoje, meio caidaças, coitadas, com suas listras vermelho e branco.
LACERDINHA era o apelido dos redemoinhos que engoliam gente, invadiam casas e pintavam Brasília de pó vermelho. Vem de Carlos Lacerda, o adversário mais ranheta de JK. CEILÂNDIA vem de Cei, Comissão de Erradicação das Invasões, criada para acabar com a invasão do IAPI na Cidade Livre. STALÃO era uma boate no Setor Hoteleiro Sul onde as moças disponíveis se ofereciam aos rapazes à procura. PAPUDA, sempre é bom lembrar, vem de uma senhora com o papo grande que vivia nas terras onde hoje é a penitenciária. O papo era a representação do bócio, a doença que surge da carência de sódio. O BURACO DO TATU é o nome do Eixão quando ele passa por debaixo da Rodoviária. BRASÍLIA, mitológico nome de um país do outro lado do oceano, nome gravado nos mais remotos mapas do Novo Mundo.
P.S: Para acessar o Blog de Conceição, basta pegar o atalho ali ao lado clicando no link para a página do Correio Braziliense.
Um comentário:
Bom texto, Tião. É assim mesmo. Em toda cidade o tempo, com a força do progresso, vai deixando-a bem diferente. Sei que o progresso é indispensável, mas, em muitos casos, entre alguns pontos negativos, desfigura locais que eram tão caros às pessoas. Conceição fala em "lacerdinhas" e eu voltei aos meus tempos de Sobral, quando lá iniciei a minha profissão de bancários. Os mosquitos que infestavam a cidade eram chamados também de "lacerdinhas". E veja só, o bando de funcionários novos do BB que "invadiram" a cidade passou a ter o mesmo apelido. É isso. Um abraço.
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