quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Já começou a pancadaria


Mal foi exibido pela primeira vez, abrindo o Festival de Brasília, e já começou a previsível pancadaria da manada midiática no filme "Lula, o Filho do Brasil", que Luiz Carlos Barreto produziu e seu filho, Fábio Barreto, dirigiu. Vai ser um massacre, porque o filme se enquadra, coitadinho, perfeitamente no papel de um produto destinado sofrer todo tipo de reserva por parte das multidões elegantes e distintas, prontas para atirar pedras em qualquer coisa que venha do ex-sapo barbudo. Então, amigos (alô, Tarciano, espero mesmo estar falando "entre amigos"), preparem-se. Porque, pelo jeito, o filme - a que não assisti, como sempre serei o último - tem tudo para reforçar um a um os preconceitos de quem não suporta a figura de um Lula brasileirão na Presidência da República. E, da mesma maneira, apenas visto pelo ângulo oposto do espelho, tem tudo para martelar ainda mais as simpatias de que não vê nada de mal nisso de um brasileiro com cara de povo chegar ao topo do poder político - muito pelo contrário.

Mas toco no assunto porque acabo de ver, via links do Sopão, uma primeira e respeitável reação ao filme. Luiz Carlos Merten, o crítico de cinema de O Estado de São Paulo, está comentando no seu blogue as reações iniciais - previsivelmente marcadas pela pancadaria em coro e pelo preconceito mais cego. Leia, abaixo, o que diz Merten sobre o filme e seu primeiro impacto (para ler mais, e vale a pena ler mais, porque Merten se prolonga no assunto, pegue o link à direita; se estiver com defeito eventual, vá pelo link do jornal, também disponível):


"Fiquei hoje pela manhã em Brasília porque queria assistir ao debate de 'Lula - O Filho do Brasil'. Foi um debate travestido de entrevista coletiva, alguns jornalistas começaram querendo bater - o filme seria eleitoreiro, chapa branca etc e tal -, e eu terminei colocando minha colher na história. O filme já nasceu sob o signo da polêmica, inclusive das intenções, e só tem para se defender a si mesmo, suas qualidades. Sinto muito dizer - para quem esperava um ataque a Fábio Barreto, o mais detestado dos diretores brasileiros, graças a filmes como 'Jacobina' e 'Nossa Senhora do Caravaggio' -, mas 'Lula' pode não ser o filme dos meus sonhos e certamente não é nenhum '2 Filhos de Francisco', mas tem qualidades e a maior delas é a interpretação, como já disse. O que verdadeiramente faz a diferença é o ator que faz Lula, Rui Ricardo Dias. São três ou quatro, incluindo o bebê, e todos eles têm uma pegada muito forte. O garotinho é ótimo, na cena em que peita o pai; o adolescente tem um momento encantador, quando 'rouba' o beijo; e Rui, como já ousei escrever, é mais Lula do que o próprio. O verdadeiro continuismo não seria Dilma, mas Rui, o clone, para presidente. Um colega, na saída, brincou comigo. Estava todo mundo batendo, respeitosa e orquestradamente, quando eu desestabilizei o debate, elogiando o que me parece não apenas possível, mas necessário elogiar."

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