segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por que me afastei do Novo Jornal


Devo uma explicação para o leitor que eventualmente me frequentava os textos de todas as terças-feiras no Novo Jornal. A partir desta terça, amanhã, não estarei mais lá. A iniciativa de interromper a colaboração foi minha e o motivo é simples: vinha me sentindo incomodado com a postura editorial do jornal.

O Novo Jornal mantém um discurso de pluralismo editorial sustentado no leque opinativo que oferece por meio de seus colaboradores. Neste ponto, está correto. Escrevi no Novo Jornal críticas à própria publicação sem qualquer tipo de constrangimento de minha parte ou dos editores e donos do jornal. Mas, na minha opinião, a postura pluralista termina aí. Porque no noticiário, na manchete, na abordagem da vida política do estado, a atuação parcial do Novo Jornal contrariou tanto quanto pode esse mesmo pluralismo manifestado.

Acompanhando de longe a recente campanha eleitoral no RN por meio do Novo Jornal, o que li foi uma cobertura francamente hostil ao candidato Iberê Ferreira – uma figura pela qual eu não nutro a menor simpatia, quem me conhece sabe disso. E, por conseqüência, uma cobertura absolutamente simpática à candidata Rosalba Ciarlini, afinal eleita.

É de se dizer que a imprensa potiguar é isso mesmo, sempre foi assim. Os Alves têm seu jornal, sua tevê, suas rádios. Os Maias idem. Mas acontece que o Novo Jornal, até pelo nome com que se apresentou ao leitor, prometia ser algo ligeiramente diferente. Mas ao acompanhar a cobertura eleitoral – sua primeira cobertura eleitoral sob o signo proclamado de um novo jornalismo – o Novo Jornal foi, sim, ligeiramente diferente, só que para pior. Porque se a Tribuna ou o velho Dois Pontos sempre traíram o lado que, ao fim e ao cabo, defendiam, nenhum dos dois optou por um tratamento da notícia em tom agressivo como o que vi no Novo Jornal aqui de longe.

O jornal tem um bom slogan para justificar essa nova postura: sem medo de ter opinião. A mim, à distância, a frase soa como uma bela desculpa, digamos assim, conceitual, para praticar um tipo de jornalismo que eu imaginava ter ficado para trás na história potiguar e do Brasil. Neste período em que colaborei com o Novo Jornal, deparei com certas acusações, determinados adjetivos empregados contra pessoas contrárias às posições do jornal que julgava estarem em feliz desuso. Ainda mais num veículo que se anuncia como novo.

De maneira que ficou impossível manter a colaboração que, de outra maneira, pretendo manter viva aqui no espaço do Sopão. Inclusive na mesma data, sempre às terças-feiras, se possível até no mesmo tamanho dos textos que lá publicava. De forma que quem quiser continuar me freqüentando as idéias, vai encontrar aqui no blogue a mesma manifestação periódica de observações que lá fazia.

Agradeço a Carlos Magno Araújo pela compreensão e a Adriano de Sousa pelo convite que muito me animou quando foi feito, quase um ano atrás. Adriano, aliás, é quem estará agora às terças-feiras no Novo Jornal, o que significa garantia de idéias muito mais redundantes e corajosas dos que as que eu externava lá. Com ele, o pluralismo estará salvaguardado – ao menos, imagino, no campo dos colaboradores.

Um comentário:

Titina disse...

E assim é.