segunda-feira, 24 de março de 2008

Pra acordar do feriadão



Veja só o que o poeta Gustavo anda escrevendo no "Razão da poesia" (link ao lado), a propósito desse luão que tem iluminado nossos asfaltos e nossas alamedas - as suas também, caro leitor, isso é certo - nos últimos dias. É leitura pra acordar quem ainda está dormitando o soninho vagaba do justo feriadão. Segue:





BRASÍLIA A SOL E LUA
Hoje cedinho, em Brasília, na parte oriental do céu, a lua cheia estava ainda alta e clara. Na parte ocidental, nascia o sol. Podia ver quem tivesse olhos: lua cheia e sol encontravam-se frente-a-frente. Súbito sentia-se a calmaria do céu promovendo este encontro inusitado, tão cedo. Tive a impressão de ver a lua sorrir e o sol pedir perdão. Cravei meu remo então no rio do céu para espiar melhor. As nuvens eram finas, traziam a poeira da noite, ninguém ainda havia acordado na manhã calma e triste de segunda-feira. Brasília nascia amanhecida de frio. O teatro sacudia sua lona, ia começar tudo de novo... Um novo espetáculo, uma nova distopia. Mas a cidade, no fundo, não ligava para isso. Tinha dentro de si arvorescendos. Pedaços de Natureza por toda a parte; acenos verdes sob copas nevadas.
É, acho que só a poesia salva Brasília. Digo hoje pelo menos isso: o sol e a lua cheia face-a-face a nos fazer olhar para o que realmente importa. E como a poesia não salva nem a si mesma... Brasília também se perde no infinito do céu, no sul de si mesma.

P.S: a foto que ilustra o blogue é, naturalmente, tão copiada quanto o texto. Mas a procedência só os deuses sabem.

Um comentário:

Anônimo disse...

mesmo sem se encontrar com o sol, a lua em santa rita, no feriado, também estava bonita. muito.