sexta-feira, 14 de março de 2008

Diário de férias - FINAL


Entrei de férias debaixo de chuva, voltei sob tempo fechado. Voltei e reencontro Brasília ainda encoberta pelas chuvas atrasadas deste verão que se despede. Nem são as águas de março fechando a estação; são os temporais retardatários de janeiro chovendo nas roseiras de asfalto da cidade e alagando tudo.

Por essas e outras, é como se nem estivesse passado duas semanas fora: a pauta do Congresso, que acompanho por dever de ofício, não mudou nada, nada. Quando saí, um Garibaldi ainda meio tonto anunciava com um Chinaglia como sempre cheio de si a firme determinação de votar um punhado de vetos presidenciais que caducam nos escaninhos do Legislativo. E, claro, havia a expectativa retintente desde o final de 2007 pela votação do Orçamento da União - que sem ele é a bagunça institucionalizada com o auxílio dos senhores parlamentares. Por último, havia, sim, sim, a novela da CPI dos cartões corporativos que não saía do canto, como que denunciando nesse vai-não-vai o real objetivo da investigação.

Pois bem, voltei e qual era a pauta? Votação do Orçamento - que só saiu agorinha mesmo, ontem ou anteontem, depois de Lula ter dado um pau geral em oposicionistas e aliados -; votação dos vetos presidenciais (essa ainda está na fila de espera, que juntar senador e deputado em sessão do Congresso é coisa para herói); e a tal CPI que somente esta semana realizou sua primeira reunião efetiva. Não perdi nada. Tudo assunto de que me ocupava antes de viajar. Foi como se eu tivesse ido na esquina fumar um cigarro, tivesse encontrado um amigo, gastado um tempo numa conversa boa e logo em seguida retomado o expediente imutável.

Mas não tenho do que reclamar: trabalhando excepcionalmente dois dias da semana das 10h às 16h, deu até pra retomar a maratona cinematográfica. E o que é melhor, vendo filmes dispensáveis, desimportantes, pouco recomendáveis! "Jogos do Poder" eu assisti o tempo inteiro tentando entender o real significado da piada. Foi mais um daqueles filmes que denunciam minha pouca inteligência: se você também ficar com a sensação de que há algo mais por trás daquela maneira coloquial-gaiata de contar como os zéua entraram na aventura pró-mujaredim lá nas bandas do Afeganistão dos anos 80, trate de ficar calado. É como dizia aquele comercial de desodorante: se um filme desconhecido lhe oferecer flores e você não sentir o cheiro, o tapado pode ser você. Também me aventurei a entrar numa sala escura para voltar no tempo e assistir a "10.000 A.C.". Sabe que eu me divertí? Por que não estava esperando nada além de uma aventura estilo meio "literatura infanto-juvenil" com muita floresta misteriosa, muito deserto implacável e alguma mitologia manipulada. No escurinho do cinema, eu me sentia um menino. Que é que posso querer mais?

Notícias de Rejane, Cecília e Bernardo: ela está se enfronhando nas primeiras aulas, reuniões e reflexões do mestrado em Comunicação que começou agora sim a cursar na UnB. Cecília fez muxoxo no segundo dia de escolinha mas no terceiro já anunciou que estava na hora de pegar no batente do Golfinho Dourado. A impressão é de que não lembrava mais do que é a vida de todo dia aqui no planalto. Uma vez que voltou à escola, lembrou de tudo, dos colegas, das cadeirinhas, das brincadeiras - e enquadrou-se rapidinho. Melhor assim. Bernardo, bem, ressente-se um pouco da falta de espaço, mas segue treinando para andar o que as pernas e os móveis lhe permitem. Feliz e risonho, como sempre - ou talvez até um pouco mais quando a gente chega em casa depois do trabalho.

Contratempos incluídos, as férias foram ótimas. Obrigado à família e aos amigos. Aos leitores, nos quais aqueles se incluem, bora trabalhar para o Sopão não perder o tempero.

2 comentários:

Roberta AR disse...

Você conhece uma banda chamada Impacto Cinco, de Natal?
Um amigo meu vai relançar um disco deles em Portugal.

Anônimo disse...

tião, em brasília parece que as coisas andam mais lentas que no nordeste...acho que sim.