A "montra condenada, fenetra sinistra", no dizer irônico de Caetano Veloso (ele de novo) às vezes surpreende a gente. Mesmo a gente que, como eu, sempre foi cativo de seu brilho para tantos condenado. O fato é que, depois de dois dias acordando às seis da manhã para botar telejornal no ar, hoje me dei folga e despertei às 10h na qualidade de espectador ocasional. E não é que a programação prometia? Pena que só tinha uma rápida meia hora pra acabar de acordar antes de pular de novo da cama para trabalhar novamente. Mas, vejam: do espectro geral de canais da NET, aquela telinha que abre quando a gente liga tevê, fui para a Record News, onde estava começando - às dez e pouco da manhã, notem bem - um programa sobre a bossa nova, cheia daquelas imagens de arquivo que a gente não cansa de ver e trechos de performances de João Gilberto e Tom Jobim. Claro que o distinto público tinha que suportar mais uma vez a ovação óbvia e autoreferente de Nelson Motta cantando loas ao ritmo, daquela maneira "Ipanema-é-o-centro-do-mundo" que a gente conhece tão bem. Mas, pensando bem, para o público geral e emergente cultivado sabiamente pela Record, as intervenções do bruxo pop até que convêm, pelo teor didático que contêm. Mas pra mim não deu mais e pulei para o canal da UnB (sintonizado só em Brasília, claro), onde era exibido o ótimo documentário "Barra 68", do grande Wladimir de Carvalho, sobre quem há tempos eu tenho vontade de escrever uma postagem caprichada aqui no Sopão mas vou continuar adiando. Mas a UnB vai ter que mostrar muito material desse tipo - que mostra como a universidade foi invadida durante a ditadura - para se redimir dos escândalos de que se tornou protagonista recentemente (assunto pra outro post, tipo "Minhas cismas com a UnB", também adiado, também fico devendo). Por último, voei de controle na mão para o NBR, que é o canal de notícias da Radiobrás. E quem eu vejo? Meu ídolo, Chávez! E o que é melhor, ao lado de Lula. E o que é melhor ainda, ali "pertinho de nós", em Recife! Eu passaria o resto da manhã ouvindo o discurso, mas a fala de Chávez é assunto para a próxima postagem. Essa era só pra dizer da programação surpreendentemente rica da "fenetra sinistra" que Caetano, remando contra a maré, um dia cantou.
P.S: aproveito pra abrir um novo marcador, "Televisão".
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