Os humoristas vão fazer a festa: hoje à tarde, um cheiro de ovo podre começou a se espalhar pelos corredores dos anexos II e III da Câmara dos Deputados. Três pessoas que respiraram esse ar pestilento passaram mal e foram atendidas. O detalhe: o mau cheiro, logo identificado como algum tipo desconhecido de gás, começou a se propagar justo no serviço médico da Câmara. Por causa disso, hoje aqui só se falava em vazamento - mas vazamento mesmo, literal, não aquele outro que também tem feito a festa da imprensa.
Como vocês sabem, trabalho na TV Câmara, que fica, claro, aqui dentro desse conjunto de prédios (um principal e quatro anexos) que é a Câmara dos Deputados. A tevê fica no chamado edifício principal, num semi-subsolo abaixo do Plenário (que por sua vez fica sob o famoso prato "pra cima" que, dizem, é um belo receptáculo das piores energias cósmicas ou telúricas; deve ser mesmo). Daqui até o corredor das comissões, no anexo II, que foi até onde o gás mau-cheiroso chegou, é um pulo. E nesse grande buraco que é o prédio do Congresso (só escapa aquele "H", onde uma das pernas é da Câmara, o anexo I, e o outro pertence ao Senado) toda a atmosfera que respiramos vem dos dutos de ar condicionados interligados.
Sim, você acha que eu e meus colegas fomos prontamente evacuados. Que nada, só esvaziaram os anexos II, III e IV, como se fosse um desafio para qualquer espécie de gás circular pelo resto das instalações da Câmara. Estamos até agora (cheguei às 16h, agora são 20h05) trabalhando normalmente, respirando o já nem tão puro assim ar que circula nos nossos dutos cívicos, expostos a que raio de gás seja esse que nem os bombeiros ainda conseguiram identificar.
Pensando bem, é melhor eles deixarem essa tarefa para os chargistas da grande imprensa: amanhã os jornais estarão em festa com essa metáfora perfeita que mistura vazamento, mal cheiro e podridão. Quando a nós, poderemos estar mortinhos da silva, por um efeito retardado qualquer de um gás anônimo. E eu nem vou falar da (in) segurança que permite o livre trânsito de quem quer que seja num dos lugares mais visados do país. Não é restringir, não. É tomar precaução porque de maluco o mundo está cheio. Espero poder continuar o papo amanhã. Façam figa aí.
5 comentários:
tá vivo, sebá? dê notícias pra gente saber...(acho que o gás assassino chegou até o sopão, já tentei postar duas vezes e nada. vou tentar de novo, e se chegarem três comentários iguais, vosmecê já sabe o porquê)
Que louco Tião tudo isso!! Fico viajando no quão irreal somos nós, no cão isso também parece filme.
É tudo tão absurdo que é tragicômico.
O texto tá ótimo, e fico uma dúvida:... Como é mesmo essa história de captador de energia ruim? Luar energicamaente perfeito pra podridão acontecer? É isso?
Beijo e saudade de todos.
Esse gazinho do anexo II não chega aos pés dos macro-micróbios do ar-condicionado do velho e bom buraco, onde até hoje devem pulular bactérias do espirro do Ulusses Guimarães ao proclamar, ops, promulgar a Constituição de 88. Cruuuuzes!
Deus do céu! Só mesmo um gênio da arquitetura para fazer um prédio assim tão bom para quem trabalha nele...
Só pra situar: Marcya é colega da TV Câmara, mas trabalha dois subsolos abaixo da redação, lugar muito apropriadamente apelidado de "o buraco". Imagine a qualidade do ar que circula por lá. A propósito: o pessoal do "buraco" arrumou um apelido para a redação, muito apropriado por causa das luzes, dos computadores novinhos, das pilastras brilhantes e dos espelhos (é uma redação cenográfica): é "o shopping". Mas somos todos muito unidos, garanto: se o gás vazar, morremos todos, camada após camada.
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