domingo, 13 de abril de 2008

Para delirar, nas nuvens

Com a tarde de sexta-feira liberada para uma sessão de cinema, fui correndo ao Pier 21 – um espécie de shopping de entretenimento debruçado sobre o Lago Paranoá aqui em Brasília – em busca de qualquer tipo de entorpecente visual. Já numa espécie de delirius tremens, se vocês me entendem. E qual não foi a minha surpresa de saber que estava em exibição “Um beijo roubado”, filme do aclamado diretor asiático Kar Wai Wong – um desses sobre o qual tanto se fala, se escreve e se comenta e tão pouco se vê, até pelo fato de os filmes dele quase sempre só passarem pelo circuito exibidor alternativo. Eu mesmo nunca havia visto nada, só lido, ouvido e presenciado uma espécie de culto em torno de sua figura e sua obra.

E me aparece o novo filme dele ali no Pier, um lugar mais reservado para os arrasa-quarteirão que eu também gosto muito de ver, confesso. E me aparece mais, viu? No alto do cartaz, como os distribuidores gostam de fazer, a frase-indicação de um crítico, normalmente retirada de textos publicados em jornais e revistas. Pois era uma frase retirada de um texto de Luiz Carlos Merten, do Estadão, a quem venho recomendando aos amigos de umas postagens para cá. Dizia algo como “Saí do cinema nas nuvens”. E o detalhe que muda tudo: havia, claro, o crédito do autor da indicação, mas a fonte era “do blog do jornal O Estado de São Paulo”.

Pode parecer bobagem, mas faz toda a diferença: os distribuidores estão ligados no fato de que o público está atento ao que os blogues estão dizendo . Que esses blogues vão assumindo um papel tão importante quando o – perdoe a repetição, mas não vou deletar, não precisa – que diz o jornal de papel mesmo. Pessoalmente, lendo Merten no site do Estadão, vejo ali uma espontaneidade, uma coisa meio making off de um profissional da avaliação do cinema, que termina sendo mais interessante do que o texto padrão, medido, reescrito (todo mundo reescreve obsessivamente o que vai ser impresso em papel) da edição impressa do jornal. Há, em suma, uma vivacidade no blogue que pelo menos a mim transmite melhor a impressão (sem trocadilho) que o filme A ou B provocou no crítico e que ele está tentando retransmitir para você, leitor.

Mas chega de teorização: leia o blogue de Merten e veja o que você acha. A propósito de teorizações, me estendi um pouco mais sobre a crítica de cinema mais convencional – mais “profissional” no pior sentido da palavra – escrevendo sobre o filme “Um beijo roubado” para o site da editora Casa das Musas, daqui de Brasília, empresa bancada por gente como o nosso amigo Gustavo de Castro. Mas vou postar o texto também aqui no Sopão (veja a postagem acima). Você lê aqui ou lá (lá, claro, há muito mais para ler, na lavra de outros colaboradores, não deixe passar a oportunidade).

Link para Luiz Carlos Merten: http://blog.estadao.com.br/blog/merten/
Link para Casa das Musas: http://www.casadasmusas.org.br/

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