terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma máscara, por favor


Os humoristas vão fazer a festa: hoje à tarde, um cheiro de ovo podre começou a se espalhar pelos corredores dos anexos II e III da Câmara dos Deputados. Três pessoas que respiraram esse ar pestilento passaram mal e foram atendidas. O detalhe: o mau cheiro, logo identificado como algum tipo desconhecido de gás, começou a se propagar justo no serviço médico da Câmara. Por causa disso, hoje aqui só se falava em vazamento - mas vazamento mesmo, literal, não aquele outro que também tem feito a festa da imprensa.
Como vocês sabem, trabalho na TV Câmara, que fica, claro, aqui dentro desse conjunto de prédios (um principal e quatro anexos) que é a Câmara dos Deputados. A tevê fica no chamado edifício principal, num semi-subsolo abaixo do Plenário (que por sua vez fica sob o famoso prato "pra cima" que, dizem, é um belo receptáculo das piores energias cósmicas ou telúricas; deve ser mesmo). Daqui até o corredor das comissões, no anexo II, que foi até onde o gás mau-cheiroso chegou, é um pulo. E nesse grande buraco que é o prédio do Congresso (só escapa aquele "H", onde uma das pernas é da Câmara, o anexo I, e o outro pertence ao Senado) toda a atmosfera que respiramos vem dos dutos de ar condicionados interligados.
Sim, você acha que eu e meus colegas fomos prontamente evacuados. Que nada, só esvaziaram os anexos II, III e IV, como se fosse um desafio para qualquer espécie de gás circular pelo resto das instalações da Câmara. Estamos até agora (cheguei às 16h, agora são 20h05) trabalhando normalmente, respirando o já nem tão puro assim ar que circula nos nossos dutos cívicos, expostos a que raio de gás seja esse que nem os bombeiros ainda conseguiram identificar.
Pensando bem, é melhor eles deixarem essa tarefa para os chargistas da grande imprensa: amanhã os jornais estarão em festa com essa metáfora perfeita que mistura vazamento, mal cheiro e podridão. Quando a nós, poderemos estar mortinhos da silva, por um efeito retardado qualquer de um gás anônimo. E eu nem vou falar da (in) segurança que permite o livre trânsito de quem quer que seja num dos lugares mais visados do país. Não é restringir, não. É tomar precaução porque de maluco o mundo está cheio. Espero poder continuar o papo amanhã. Façam figa aí.

5 comentários:

Anônimo disse...

tá vivo, sebá? dê notícias pra gente saber...(acho que o gás assassino chegou até o sopão, já tentei postar duas vezes e nada. vou tentar de novo, e se chegarem três comentários iguais, vosmecê já sabe o porquê)

Anônimo disse...

Que louco Tião tudo isso!! Fico viajando no quão irreal somos nós, no cão isso também parece filme.
É tudo tão absurdo que é tragicômico.
O texto tá ótimo, e fico uma dúvida:... Como é mesmo essa história de captador de energia ruim? Luar energicamaente perfeito pra podridão acontecer? É isso?
Beijo e saudade de todos.

Marcya disse...

Esse gazinho do anexo II não chega aos pés dos macro-micróbios do ar-condicionado do velho e bom buraco, onde até hoje devem pulular bactérias do espirro do Ulusses Guimarães ao proclamar, ops, promulgar a Constituição de 88. Cruuuuzes!

Roberta AR disse...

Deus do céu! Só mesmo um gênio da arquitetura para fazer um prédio assim tão bom para quem trabalha nele...

Sebastião Vicente disse...

Só pra situar: Marcya é colega da TV Câmara, mas trabalha dois subsolos abaixo da redação, lugar muito apropriadamente apelidado de "o buraco". Imagine a qualidade do ar que circula por lá. A propósito: o pessoal do "buraco" arrumou um apelido para a redação, muito apropriado por causa das luzes, dos computadores novinhos, das pilastras brilhantes e dos espelhos (é uma redação cenográfica): é "o shopping". Mas somos todos muito unidos, garanto: se o gás vazar, morremos todos, camada após camada.