quarta-feira, 2 de abril de 2008

O inverno dos afogados (2)

Como disse na primeira parte dessa postagem, não sei explicar a atração que transforma em afogados um punhado de sertanejos mais acostumados com a falta do que com a abundância de chuvas. Mas deveria saber, uma vez que eu mesmo quase morri afogado quando tinha de 11 para 12 anos de idade, no açude do Urubu, caminho de Jardim do Seridó. Um vizinho que tinha um caminhão saiu, como fazia em tempos de chuvas, em passeio ao açude e também como sempre levou vizinhos, amigos, convidados. Lá estava eu. Nada daqui, nada dali, aparece uma canoa e alguém promete uma travessia do açude, que não era tão pequeno. Mas, antes, veio o alerta: quem não quiser atravessar pode pular da canoa aqui. Como não sabia nadar, fiquei ressabiado e pulei. E cadê o chão? Aprendi na marra a nadar de um jeito que só o risco da morte ensina e sobrevivi, atingindo exausto a beira dágua depois do maior susto da minha então breve vida. Nem preciso explicar porque até hoje não sei nadar e não entro em água que não dá pé.

Um comentário:

Francisco Sobreira disse...

Tião,
Passei pelo blogue do Bráulio, que só conheço de nome, mas conheço bem a irmã dele Clotilde (por sinal, ela, eu e mais 3 fazemos parte de uma antologia "5 Contistas Potiguares",publicada pela FJA nos anos 1970). Gostei do texto dele sobre Sidney Miller, compositor do qual gosto muito, como você teve oportunidade de constatar no meu artigo sobre ele. E obrigado por falar sobre mim ao Bráulio. Um grande abraço.