Foguete é urgente, enquanto durar o tempo que me sobrou na vã house. Estou no mideimal, onde sempre medoubem, apesar de haver sempre um apressado buzinando enquanto eu me perco pela milésima vez nas vias do estacionamento. Buzina, diga-se, é gentileza: já houve de o motorista estressado, afinal era verão, descer do carro e me dar um esporro. Desta vez, não tenho do que reclamar. Como sempre, passei horas indeciso entre a direita e a esquerda e ninguém me tascou sequer um f.d.p. Mudei eu ou mudou a cidade? Deve ser porque chove, faz um frio chatinho e não é, definitivamente, isso não é um verão.
Nem por isso deixei de levar minha parte no butim da regressão que assalta a cidade - pra não dizer que só falo bem de Natal e só reclamo de Brasilia. Fui fazer um passeio antropológico urbano com Rejane e Cecília, descer de ônibus para a cidade e, na volta, ao entrar no coletivo, naquele arrocha-arrocha que o natalense adora (em Recife e em Brasília já atingimos a civilidade da fila há décadas), uma senhora mui compenetrada, trajando negro, cabelo de evangélica, preso, olhos de capitu de subúrbio, tentou, repetidas vezes, vejam vocês, me roubar a máquina fotográfica digital superadíssima. Tentou mesmo, eu com Cecília no colo, tentando entrar no ônibus e sentindo a bolsa da máquina ficando vazia. Desconfiei daquilo, mas era tão absurdo que a gente se se recusa a acreditar. Uma vez dentro do ônibus, a dita cuja às minhas costas, bem ali naquele momento grave da passagem pela catraca (no meu tempo era mais poético, era "borboleta"), a sinto o saco da máquina vazio, vazio. Viro as costas e encontro a máquina nas mãos da fulana, que me diz, "ia caindo, eu segurei". A-han.
Fiquei puto com a cara de pau, com a preguiça crônica, com o dinheiro fácil da pequena pilantragem. Sentei com Rejane e Cecília num bom lugar do ô-bli-us, como diz minha princesinha, e segui rumo ao Guaíra, numa viagem longa e sacolejante, pensando em como é fácil se agarrar a toda forma de atraso. Parece que compensa, parece que não cansa. Mas atrasa, paralisa, congela e explode um povo e uma cidade. Da próxima vez, venho mais otimista. Prometo, mas não garanto.
3 comentários:
Gostei da postagem: assim é a Natal de hoje. Coincidentemente, também só me refiro àquele xópim da Salgado Filbho como Medeimal. Ou Midivaimal. Um abraço. Ah, sim, viu a postagem de Mário Ivo, hoje? Suas observações sobre Marise/Ada me parecerem pertinentes. Outro abraço.
Oi Tião,
Li no "substantico plural" o seu excelente texto sobre Marize e Ada.
Como fã declarada de Marize, concordo com tudo que descreveste sobre sua obra, no caso mais especificamente "marrons crepons marfins". Sua poesia me inspira cotidianamente, tem claros ecos em minhas palavras, assim, como percebo na Marize as cores de tantas outras, como a Ana Cristina César. Enfim, sou apaixonada.
Semana passada num passeio despretencioso na Siciliano do Midway, me deparei com os livro da Ada, "menina gauche". Encantei-me, me vi, naquelas palavras. É sim um brilho de Marize atualizado, embora não possamos dizer que esta está desatualizada, digamos então, é um novo olhar sobre o mesmo prisma.
Agora, convido você para me visitar no meu mundo estampado no http://compulsaoporescrever.zip.net
será uma honra ter sua visita.
caso queira um papo sobre variações do tema, rs, adeliadanielli@hotmail.com
abraço
Adélia
sebá, por onde anda vosmecê? natal, acari, pipa ? dê notícias...
beijins pra família toda.
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