Pois bem: nessas férias, terminei de ler a coletânea que Heloísa Seixas, a patroa do escriba, organizou com os textos publicados por Ruy Castro na imprensa sobre o tema "música, maestro". Antes, ela já havia feito o mesmo com texto de Castro sobre cinema, em livro que foi um dos primeiros temas de postagem neste cansado e alquebrado "Sopão" (podem conferir, lá no endereço antigo, http://www.sopaodotiao.zip.net/). Não sei se pelo fato de ainda estar quentinho na cuca, mas o fato é que "Tempestade de ritmos" - é esse o nome do livro , se é que alguém aí ainda não sabe - me parece ainda melhor, mais instigante, mais divertido e mais informativo do que "Um filme é para sempre" - a coletânea anterior.
A seguir, virá uma postagem só com trechos do novo livro - "novo" para o "Sopão", entenda-se, que faz questão de publicar tudo com o maior atraso para não deixar cair a peteca da perenidade das coisas boas. Por hora, isso aqui é para dizer do primor de frasista que Ruy Castro vem se tornando, um arte verbal que ele pratica e distribui meio que aleatoriamente dentro dos textos desses livros que ele escreve ou que a mulher dele organiza e publica. O manancial de tiradas é tamanho, as comparações tão vivas, as metáforas são vívidas, que quando notei já estava parando para anotar. E compartilho com vocês algumas dessas pérolas aos porcos que nos joga o jornalista Ruy Castro enquanto escreve sobre Miles Davis, Rosemary Clooney, Cole Porter, Peggy Lee e tantos outros:
"Um asmático numa mina de carvão"
"Cantores de peruca"
"Jazzófilos de coração de pedra - como eu"
"Um indício de que a música estava voltando a servir para aperfeiçoar as pessoas, não para degradá-las"
"Três modestas obras-primas que tornam muito melhor a vida de quem as conhece e as ouve com frequência"
"Não se faz mais do que um Cole Porter em cada século"
"A voz trabalhada por décadas de uísque e cigarros"
"Era uma música com ponto de exclamação"
"Quando um artista chegava a essa marca, o eixo da Terra sofria uma ligeira alteração"
2 comentários:
Tião,
Ruy, há muito tempo, é uma das pessoas que mais bem escrevem neste país. Eu o acompanho desde antes de ele escrever o primeiro livro. Não sei se você conhece dele "Saudades do século 20" (acho que o título é esse), em que ele traça perfis da vida e da obra de Sinatra, Astaire, Wilder, Doris Day e tantos outros. Se você não o conhecer, recomendo procurá-lo, embora deva estar esgotado. Um abraço.
sebá, linda ilustração a do post acima. é de quem?
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