Coincidentemente - ou não haverá mais coincidências neste mundo de conexões inesperadas? - três dos blogues que mais me proporcionam o prazer da leitura tratam do mesmo tema. E vejam vocês que não é um tema qualquer - o que só faz sobressair ainda mais a aura incolor das coincidências mais impressionantes. Pois bem: de volta pra casa, dei um giro pelas postagens de Samarone, Gustavo e Sobreira. Agora veja a amplitude poética de tais coincidências:
1. SAMARONE (do "Estuário") narra, em três tocantes e sensíveis textos seriados, a despedida de sua Tia Flocely, com quem morava no Cabo, lá onde o Recife se amalgama com as urbanidades das almas das comunidades vizinhas. Há um trecho em especial que comove o leitor, entre tantos outros. Diz assim: "Ficou triste, cabisbaixo, sorumbático. Bam Bam, na sexta-feira de Carnaval, era o mais triste dos cães. Durante toda a manhã, chegaram amigos e alguns parentes. Aos 82 anos, chegava ao fim a vida de uma grande mulher."
2.GUSTAVO (do "Razão Poesia") conta histórias deliciosas sobre o frei Waldemar, com quem excursionou em criança pelos sertões da Paraíba, celebrando missas nas capelas dos mais distantes pés de serra de que se pode ter notícia. Frei Waldemar faleceu há pouco e esse é o motivo que disparou o texto, onde encontramos uma inesperada quase anedota que termina com a seguinte sentença, dita pelo dito frei: "A senhora come tanta óstia que já deve está cagando anjo!"
3.SOBREIRA (do "Luzes da Cidade") lembra o dia em que recebeu um telefonema da própria infância. Foi numa noite em que ligou para ele um certo Quinca, vivente do mesmo Ceará remoto onde brotou nosso amigo Francisco. O texto é uma republicação, feita a propósito, veja só, do falecimento de Quinca, aos 64 anos. Trecho: "Do outro lado da linha veio a risada jubilosa, por eu, afinal, ter identificado o dono daquela voz, e, acoplada a ela, a diversão, como se aqueles dois homens, já na casa dos 60, estivesessem participando de uma brincadeira de quando eram meninos."
Sei que não parece, à primeira vista, leitura que se recomende para uma quarta-feira de cinzas. Mas os três textos são muito mais do que relatos de mortes de pessoas queridas. São documentos fraternos que engrandecem quem os escreve, as pessoas de quem eles tratam, quem os lê - que engrandecem, por um instante, você quer mesmo saber?, a raça humana toda. Pegue os links à esquerda, leia você mesmo e saia do feriado de carnaval um pouco melhor que você era antes.
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