quarta-feira, 18 de maio de 2011

Titina e a Mulher Revoltada


O SOPÃO reproduz, diretamente do site do Centro Cultural Banco do Brasil - BSB, entrevista com Fernando Yamamoto, diretor de "A Mulher Revoltada", peça do pernambucano Xico Sá encenada hoje na capital do país dentro do ciclo de novos autores; montagem de que faz parte nossa querida Titina Medeiros. A foto acima é uma das peças promocionais do espetáculo. Segue a entrevista:

O que mais te atraiu a participar do projeto?
A proposta é muito original, e propõe uma multiplicidade de interrelações, entre mim e a Fomenta - produtora que tem tratado o projeto e o trabalho artístico com extremo respeito e cuidado -, entre os encenadores, entre os atores, a equipe técnica, os dramaturgos, enfim, uma enorme equipe que se entrelaça na criação destes quatro trabalhos. Além disso, tive a possibilidade de contar com quatro atores com quem já trabalho em Natal, e isso amplia também as possibilidades de trocas no que diz respeitoao que eu trago da minha experiência, já que o elenco também traz com eles o teatro de pesquisa que fazemos, representam comigo um pouco o teatro potiguar e nordestino.

O espetáculo leva a plateia a uma reflexão de valores e sentimentos pessoais?
Acredito que o espetáculo seja muito mais um exercício de estilo do que um "convite à uma reflexão de valores" em si. Pelo fato da criação dramatúrgica ter sido feita anterior e separadamente do restante do processo, o pensamento proposto pelo dramaturgo não necessariamente toca aos artistas (diretor e atores) que estão envolvidos na sua criação. No entanto, acredito que a beleza do projeto e do espetáculo "A Mulher Revoltada" em si seja a possibilidade de fricções entre o criador Xico Sá, o criador Fernando Yamamoto, os criadores Dudu Galvão, Joel Monteiro, Paula Queiroz e Titina Medeiros, e todos os outros criadores que estão envolvidos no trabalho. Em outras palavras, é um forte encontro criativo entre pessoas de lugares e referências muito diversas.

Qual o conflito ou acontecimento que norteia a trama do espetáculo?
Em linhas bem gerais e superficiais, trata-se do espírito do último canalha da terra que, do purgatório, tenta voltar ao mundo no corpo de um jovem jornalista metrossexual. Como uma espécie de teste, ele coloca este jovem no caminho da tal mulher revoltada do título da peça que, para vingar-se do marido, resolve ir para a cama com o primeiro homem que encontrar. E o canalha coloca o Marcelo, o jornalista, nesse lugar. A partir de então se desenrola uma série de encontros e desencontros entre essas figuras.

De que forma o tema central do texto te atraiu ao ponto de te inspirar a montá-lo?
Muito mais do que a trama ou as situações em si, o universo que o Xico propõe foi o que mais me fascinou. Esse ambiente boêmio dos boleros, dessa música ao mesmo tempo brega e belíssima, da canalhice, traições, das cores almodovarianas, da estética hispano-americana exagerada, intensa, foi a chave para a encenação. O que queremos é contar essa fábula que o Xico nos traz convidando a plateia a mergulhar nesse universo onírico, marginal, visceral.

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