terça-feira, 3 de maio de 2011
Estou / não estou (1)
Estou desatualizando este blogue porque estou com tempo sobrando. Não estou atualizando este blogue porque estou parado, de licença médica, com o dedo mindinho do pé esquerdo quebrado. Estou andando dentro de casa, não estou com pressa, mas estou em movimento. Meu pé esquerdo passa, mas o dedo mindinho fica retido para explicações no móvel onde acomodo um som, uns CDs e outras traquitanas mais. Estou sentindo uma baita dor, estou rolando no chão mas não estou chorando – estou rindo de dor; coisa dos extremos da vida. Estou com o pé inchado e uma mancha roxa começa a colorir a extremidade esquerda do meu pé gauche. Estou pouco me lixando. Passa. Mas estou agora na van que me leva do estacionamento ao trabalho e a motorista não está me contanto uma história cabeluda de um parente que também deu aquela topada, o pé foi ficando roxo e daqui a pouco – você não está ouvindo isso, relaxe aí. De modos que estou agora, dez e meia da noite, depois do trabalho e de sentir o pé doendo mais do que o previsto pelo meu diagnóstico ateu, estou/não estou esperando com paciência o atendimento médico. Corta para a sala do raio xis, meus dedos fazendo poses para a máquina do velhote que comanda as explosões atômicas de luzes infra qualquer coisa. Estou de volta ao consultório, não sem antes me perder três vezes nos corredores do Santa Helena que, apesar de ter esse nome de ilha européia do período napoleônico, é apenas o hospital que fica ali na ponta da Asa Norte. Estou diante do médico que contrariando minhas análises de paramédico ateu, confirma: estou com o dedo do pé quebrado. Estou de licença médica por quinze longos
dias. Estou obrigado a andar o mínimo. Estou no sal. Estou mal – e nem desconfiava. Negocio o prazo da licença médica com o doutor como se fora um marroquino no mercado e consigo reduzir de 15 para sete dias – devo ser um caso único da humanidade a fazer isso – e estou, aqui estou/ não estou, finalmente diante da tela do meu Dell atualizando o inatualizável. Neste ínterim, aquela belezura que é dona Kate midou-alguma coisa se casou, a imprensa transformou Delúbio Soares no novo inimigo público número um das nossas (hipócritas) decências, o Real Madrid perdeu feio para o Barcelona com os dois gols de Messi e, notícia das notícias, os ianques finalmente pegaram Osama Bin Laden – demorou, hein? E meu dedo mindinho, enfaixado até o talo,
só refletindo sobre as mazelas e maravilhas do mundo, enquanto passa o tempo assistindo à últimas grandes invenções da máquina de entretenimento humana a meu alcance: o HD Mais da Net, o Blue Ray da Samsung ou os dois combinados. Por isso tudo, estou / não estou sempre por aqui, povoando de vazios este blogue de pé quebrado e templates em branco. Quem sabe estou voltando, como na música de Paulo Sérgio Pinheiro e Maurício Tapajós, quem sabe nunca me fui, como no poema que ninguém escreveu.
* Leia / não leia a segunda parte dessa conversa clicando aqui.
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