terça-feira, 3 de maio de 2011
Memórias do operador de telex
"De operador de telex até virar jornalista demorou um bocado. Quanto mais eu tomava gosto pelo trabalho, mais começava a perder interesse pela universidade. Comecei a abandonar disciplina pelo meio. Demorei muito a terminar o curso, enquanto estive na Tribuna. Só fui terminar o curso quando saí de lá e, ainda como estudante, fui para o Diário de Natal. Era um jornal mais organizadinho e, por isso, mais sem graça. Era bom porque era cômodo. Margareth Rose controlava cada coisa. Um dia ela me perguntou se eu não estava escrevendo rápido demais, estava preocupada. Mal sabia ela que eu escrevia na rua, enquanto esperava o carro do jornal ir me buscar. Eu voltava para a redação com a matéria toda escrita em um bloquinho, à mão. Como bom datilógrafo, eu passava rapidinho o texto para as laudas e corria para a Universidade. Com isso, terminei o curso."
Minha velha carteira de trabalho que não me deixa mentir: um dia eu fui operador de telex, numa redação da Tribuna do Norte muito diferente da atual. Essa história está contada na íntegra do texto acima, que na verdade é a transcrição de uma entrevista que Roberto Homem me obrigou a conceder, um troço meio confessional sobre a vida de jornalista entre Natal e Brasília, para o jornal Zona Sul, que circula ali pelas bandas azuladas de Ponta Negra. Procurando uma foto para ilustrar o "tuíte" que hoje, de licença médica em casa, cismei de fazer (e fiz, detalhes nas próximas postagens), encontrei na internet não apenas minha pobre auto-imagem clicada pelo amigo jornalista e servidor do Senado, como também a entrevista completa. E eu achando que já não servia há décadas sequer para embrulhar peixe a minha memorialística jornada rumo a mim mesmo.
Um dia desses, contando pedaços dessa história a um jovem jornalista de Parelhas que esteve aqui em Brasília e sua tia que foi minha contemporênea na cidade, ouvi um exclamação que me surpreendeu. A tia do garoto achou impressionante minhas idas e vindas até topar neste porto seguro que é a TV Câmara, onde me encontro e onde se deu a conversa. Bom, pensando nisso, acho que vale a pena botar aqui um link para a entrevista com Roberto (lembrando apenas que há um erro lá, quando ele diz que um texto teatral escrito por mim foi encenado no Praia Shopping; na verdade, trata-se da peça "Barra Shopping", feita por um grupo de atores de Natal há um par de anos a partir do texto "A Exclusão", com o qual disputei um concurso do Ministério da Cultura muitas eras antes do Creative Commmons, de Maria Bethania e da irmã de Chuico Buarque passar por lá).
Clique, então, aqui para ler tudo. E tome fôlego, que Roberto pergunta que é um negócio.
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