quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Clássicos do Sopão

Tim Maia, Cassiano e Hyldon estão estalando de novinhos na capa do CD, meio coletânea mas com a coerência que este tipo de disco não costuma ter, "Velhos camaradas 2". Só que mais novinho do que o trio na foto da capa é o som que tem dentro da bolachinha reluzente. Tinindo, diretamente da soul music brazuca dos anos 70, chega uma sonoridade de matar de vergonha qualquer novo músico da era do download musical.

O disco começa com um ataque de metais primoroso e festivo, aquele de "Não quero dinheiro", música de celebração, como classificaria Lenine. Era Sebastião Maia emulando o som dos negões americanos em terras brasileiras ainda muito férteis. O mesmo climão de salão de baile comparece em "Ninar contigo", a faixa seguinte, aos cuidados de Cassiano e com uma embalagem de baile black, como aquele que eletriza uma cena nostálgica do filme "Cidade de Deus", só pra dar uma dica de comparação.

Um "tchu-tchu-tchu" estilo mela-cueca introduz a pungência pop de "Primeira pessoa do singular", levada por Hyldon com aquela mesma prosódia musical que embalou o rádio AM nos tempos de "na rua, na chuva, na fazenda...". Preâmbulo prontinho para o momento seguinte, que é Tim Maia entoando sua toada quase um mantra, "Eu amo você", meninaaaaaa. Um Tim de voz muito mais límpida e cuca mais leve do que aquele dos anos terminais pós-Sullivan e Massadas. Mas isso é só um lado da moeda, porque logo outra faixa do CD "Velhos camaradas 2" vai abrir espaço para um Tim mais agressivo, mais soul no sentido de raspar o tacho da alma e devolver tudo com um vozeirão rascante em "I don't know what to do with myself".

Instalado então o clima de funk acentuado pela letra em inglês, aberto o cenário sonoro de uma atmosfera coisa-de-preto como diz e canta nossa potiguar Khrystal, está aplainado o terreno para o futuro hit "Chocolate", contracultural disfarce para transgressões que logo dominariam até o ponto do folclore a cabeça de seu Sebastião. Mas, para além das metáforas despreocupadas, repare no batidão já então presente, antecipando aquele outro que dasaguaria nas popozudas do final dos ano 90. Mas com que classe, naqueles 70.

E pra encerrar o feixe de recomendações, temos "Pelas ruas de Los Angeles", faixa que também recorre ao ataque de metais para começar mas logo desconcerta ao se vestir com uma embalagem meio cubana - um som tipo Carlos Santana que também tem muito a ver com o que se tocava, se ouvia e se procurava naquele momento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tião tenho esse disco!!
Muito bom!! Bom escutar os três juntos, muito suingue.
soul, pop, cha cha cha, black funk bom.