O domingo mais uma vez comprovou o quanto é furada a idéia de que Brasília é a capital do tédio. Em que outro lugar do país - excluindo, claro, o manjado eixo Rio-São Paulo - você pode matar a preguiça de uma tarde dominical quente e seca descendo do bloco e dando uma chegadinha na quadra de esportes da sua quadra residencial para assistir ao show de duas bandas - uma de raggae com garotos que, apesar do estranhamento das cabeleiras dreads, moram por ali mesmo, e outra de pop-rock com sotaque mineiro mas também natural da cidade? Em Brasília, viu, Carlos Magno Araújo! Pode vir que tem.
Pois é, já vão longe os tempos em que nosso amigo Carlos Magno se divertia em Brasília atirando pedras nos ônibus desavisados, plantado no alto das paradas dos camelos, pressagiando um futuro incerto felizmente corrigido a tempo por Rosa Lúcia, no que se explica o fato de Pedro e Luís não se espelharem nem um pouco no exemplo paterno. Mas isso são conversas codificadas entre amigos não convém prolongar, visto que o Sopão tem a saudável obsessão de se fazer acessível, embora nem sempre consiga.
Então: nesse domingo, a quadra de esportes da gloriosa SQN 316, ou "316 Norte" como se diz comumente, virou palco para a apresentação de duas bandinhas desconhecidas mas entusiasmadas. Vou precisar passar bem devagar, brecando o carro na entrada da (super) quadra para ver o nome da banda de raggae - que, por estranho, esqueci completamente. Mas juro que não esqueci do som da rapaziada, sonoridade cheinha e malemolente como convém ao ritmo, numa raggaeira quase mística dado o sotaque religioso. Havia momentos em que, dá-lhe Jah, parecia até uma facção evangélica do grande movimento jamaicano. Mas foi legal, preces meio rapeadas incluídas enquanto o contrabaixista evoluía entre as cordas.
Depois, veio o trio pop mineiroso que forma a banda Sonora Chama. Simpatia imediata, até porque eles abriram a apresentação atacando com "Nada será como antes". Entre outros covers ("Vamos fugir, baby, desse lugar", essa canção tão pop quanto docemente transgressora) e composições próprio do CD à venda ali mesmo, a banda encheu a quadra de esportes com um espírito de imatura mas por isso mesmo saborosa jornada juvenil-musical.
E se você pensava que tudo o que o Sete de Setembro oferece em Brasília é aquele desfile - ainda hoje campeão de audiência na Esplanada, não duvide - se enganou quadradamente. Lá na 316 Norte, declaramos outro tipo de independência enquanto ouvíamos o som in natura de músicos pacientes e despreocupados em busca de algum tipo de caminho.
Vendo os dreads, os músicos de tênis carregando tambores, fios e pluges, as crianças correndo entre eles, o povo da quadra - público pequeno, mas decente - ali em volta, lembrei de Antônio Bivar, da contracultura, dos hippies e de toda essa gente arejada que anda freqüentando minhas leituras recentes.
Também lembrei de meu amigo Carlão de Souza fritando os miolos em temporada forçada em Mossoró, morrendo de calor, de saudade e de tédio. Um dia você volta aqui, Carlão, e sua visita cai num dia feito esse domingo assim, de bandas na quadra de esportes.
A gente vai ver, ouvir, dar umas risadas e lembrar de Jô e de Alex. E de Carlos Magno, claro. Se brincar, é capaz até de a gente sair por aí atirando pedras nos ônibus em homenagem a esse outro nosso amigo.
Pois é, já vão longe os tempos em que nosso amigo Carlos Magno se divertia em Brasília atirando pedras nos ônibus desavisados, plantado no alto das paradas dos camelos, pressagiando um futuro incerto felizmente corrigido a tempo por Rosa Lúcia, no que se explica o fato de Pedro e Luís não se espelharem nem um pouco no exemplo paterno. Mas isso são conversas codificadas entre amigos não convém prolongar, visto que o Sopão tem a saudável obsessão de se fazer acessível, embora nem sempre consiga.
Então: nesse domingo, a quadra de esportes da gloriosa SQN 316, ou "316 Norte" como se diz comumente, virou palco para a apresentação de duas bandinhas desconhecidas mas entusiasmadas. Vou precisar passar bem devagar, brecando o carro na entrada da (super) quadra para ver o nome da banda de raggae - que, por estranho, esqueci completamente. Mas juro que não esqueci do som da rapaziada, sonoridade cheinha e malemolente como convém ao ritmo, numa raggaeira quase mística dado o sotaque religioso. Havia momentos em que, dá-lhe Jah, parecia até uma facção evangélica do grande movimento jamaicano. Mas foi legal, preces meio rapeadas incluídas enquanto o contrabaixista evoluía entre as cordas.
Depois, veio o trio pop mineiroso que forma a banda Sonora Chama. Simpatia imediata, até porque eles abriram a apresentação atacando com "Nada será como antes". Entre outros covers ("Vamos fugir, baby, desse lugar", essa canção tão pop quanto docemente transgressora) e composições próprio do CD à venda ali mesmo, a banda encheu a quadra de esportes com um espírito de imatura mas por isso mesmo saborosa jornada juvenil-musical.
E se você pensava que tudo o que o Sete de Setembro oferece em Brasília é aquele desfile - ainda hoje campeão de audiência na Esplanada, não duvide - se enganou quadradamente. Lá na 316 Norte, declaramos outro tipo de independência enquanto ouvíamos o som in natura de músicos pacientes e despreocupados em busca de algum tipo de caminho.
Vendo os dreads, os músicos de tênis carregando tambores, fios e pluges, as crianças correndo entre eles, o povo da quadra - público pequeno, mas decente - ali em volta, lembrei de Antônio Bivar, da contracultura, dos hippies e de toda essa gente arejada que anda freqüentando minhas leituras recentes.
Também lembrei de meu amigo Carlão de Souza fritando os miolos em temporada forçada em Mossoró, morrendo de calor, de saudade e de tédio. Um dia você volta aqui, Carlão, e sua visita cai num dia feito esse domingo assim, de bandas na quadra de esportes.
A gente vai ver, ouvir, dar umas risadas e lembrar de Jô e de Alex. E de Carlos Magno, claro. Se brincar, é capaz até de a gente sair por aí atirando pedras nos ônibus em homenagem a esse outro nosso amigo.
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