sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ouçam Tácito

Mentiras e mistificações

As pessoas são livres para fazer suas escolhas. Em todos os campos. E eu tenho o maior respeito pelas escolhas alheias. Para que respeitem as minhas. Para que tenhamos também uma convivência com mais tolerância. Agora, essas escolhas não podem ser justificadas com base na mentira histórica ou na mistificação. A história não pode ser adulterada para se adequar à vontade ou caprichos pessoais. A morte pode muito, menos transformar bons em maus e maus em bons. Embora num país que cultiva tão pouco a memória como o Brasil, esse risco esteja sempre presente. A revisão histórica se torna ainda mais escandalosa quando parte de pessoas esclarecidas, algumas até cultas, porque aí a mentira soa cínica, interesseira. Porque sabemos que aquela pessoa sabe exatamente como os fatos ocorreram, mas deturpa e confunde propositalmente, movida por interesses pessoais os mais variados. Nem a gratidão, que Dom Quixote, instado por Sancho, diz ser uma das mais importantes qualidades humanas, pode se sobrepor à verdade. Por isso, soa estranho que se venha agora a público, como ocorreu recentemente em um programa eleitoral, dizer-se que o ex-senador Carlos Alberto de Souza foi um bom político. Quem acompanha a política do Rio Grande do Norte sabe que a trajetória de Carlos Alberto foi marcada pelo oportunismo, populismo, demagogia e reacionarismo. Começou sua carreira no antigo MDB, passou por vários partidos, até chegar a líder do último governo da ditadura militar, o Governo João Figueiredo, e defensor do 'inquérito' forjado pelos militares para abafar o Riocentro. Como prêmio ganhou o seu canal de televisão. Uma trajetória como essa não pode ser enaltecida e nem servir de modelo para ninguém.

Do jornalista Tácito Costa, o homem do Substantivo (Plural), link ao lado.

3 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Tião,
Sem dúvida nenhuma, Carlos Alberto foi um político que não serve de bom exemplo, como, aliás, a grande maioria da classe. Mudando de assunto: provavelmente pela falta de tempo, você até agora não me forneceu o seu endereço, para que possa lhe enviar um dos meus livros e retribuir a sua gentileza. Continuo aguardando. Um grande abraço.

Moacy Cirne disse...

Tião: já tinha lido o ótimo texto de Tácito no SP. Pretendo aproveitá-lo no Balaio no momento oportuno. Um abraço.

Anônimo disse...

Sou Edineuza. Ainda bem que a verdade, embora escamoteada por muitos, principalmente pela impressa medíocre no RN, prevalece e a memória dos que vivem a nossa história de fato é como dizia meu avô de elefante e está sempre alerta a relembrar para os que não conheceram ou esqueceram.