Fim de semana, a caminho de algum lugar, o rádio do carro ligado emite a notícia: a Justiça de Brasília aceitou o pedido de falência dos proprietários da Discoteca 2001, que vem a ser a mais tradicional loja de discos de Brasília. A notícia informa ainda que a primeira loja foi aberta em 1976, no que depois se tornaria uma rede de sobrevivência valente, se você considerar que, por exemplo, "A Modinha", fechou bem, mas bem antes mesmo. Lojas de discos são uma das muitas caras de uma cidade. Se elas estão sumindo, se elas já padeceram, viraram relíquias de outras eras, levaram com elas parte do espírito do lugar a que tanto serviram.
Então: "Discoteca 2001" era a grande cadeia loja de discos de Brasília, como "A Modinha" era a maior rede de lojas de discos no Nordeste brasileiro. Mas "A Modinha", sem a qual é impossível construir qualquer tipo de evocação da rua Princesa Isabel, em Natal, cerrou as portas, como se dizia, muito antes. Corriam ainda os anos 90 e nós, consumidores, não estávamos ainda tão bestificados com as facilidades do CD e suas cópias. Não deu tempo nem de os gerentes instalarem aqueles aparelhos pela loja que permitem, mediante a checagem de um código de barras, ouvir trechos das faixas dos CDs, como acontece na Fnac ou na Livraria Cultura. "A Modinha" foi radical e orgulhosa frente ao que o futuro anunciava, embora ainda discretamente, naquele momento: fechou, e pronto. Trancou-se na sua era de vinis suculentos, no seu trono de capas grandes, agulhas finas e lançamentos retumbantes.
A "Discoteca 2001" bem que tentou bancar o brotinho, fazer-se moderninha e saltitante ante a invasão do download: abriu-se para a venda de DVDs, com vastas prateleiras e ofertas imperfeitas, enfeitou-se com o reluzir sofisticado de instrumentos musicais, desistiu dos shoppings numa última tentativa de se garantir com a antiga loja de rua da Asa Norte mas não deu. Era poderosa na era de poder do vinil, foi descolada como foram as primeiras fornadas dos vinis, fez-se multimídia com o advento do DVD, mas afinal nada disso adiantou e a "2001" teve o mesmo fim de tantas outras, pequenas, recônditas, anônimas lojinhas que pelo país afora levaram música, informação e cultura industrial para ouvintes menos ou mais afortunados.
Nesta lista, inclui-se obrigatoriamente a tão pequena quanto célebre seção de discos do "Foto Seridó", em Parelhas, onde os tais menos afortunados também podiam, naturalmente, resolver a falta de dinheiro para comprar um ou dois discos inteiros usando a fartura das doze faixas que cabiam numa fita K7. As coletâneas do possível. Hoje, quem diria, há fartura de CDs e falta de lojas especializadas onde sejam vendidos. Caprichos daquele senhor tão bonito de que falava Caetano Veloso ("tempo, tempo").
Então: "Discoteca 2001" era a grande cadeia loja de discos de Brasília, como "A Modinha" era a maior rede de lojas de discos no Nordeste brasileiro. Mas "A Modinha", sem a qual é impossível construir qualquer tipo de evocação da rua Princesa Isabel, em Natal, cerrou as portas, como se dizia, muito antes. Corriam ainda os anos 90 e nós, consumidores, não estávamos ainda tão bestificados com as facilidades do CD e suas cópias. Não deu tempo nem de os gerentes instalarem aqueles aparelhos pela loja que permitem, mediante a checagem de um código de barras, ouvir trechos das faixas dos CDs, como acontece na Fnac ou na Livraria Cultura. "A Modinha" foi radical e orgulhosa frente ao que o futuro anunciava, embora ainda discretamente, naquele momento: fechou, e pronto. Trancou-se na sua era de vinis suculentos, no seu trono de capas grandes, agulhas finas e lançamentos retumbantes.
A "Discoteca 2001" bem que tentou bancar o brotinho, fazer-se moderninha e saltitante ante a invasão do download: abriu-se para a venda de DVDs, com vastas prateleiras e ofertas imperfeitas, enfeitou-se com o reluzir sofisticado de instrumentos musicais, desistiu dos shoppings numa última tentativa de se garantir com a antiga loja de rua da Asa Norte mas não deu. Era poderosa na era de poder do vinil, foi descolada como foram as primeiras fornadas dos vinis, fez-se multimídia com o advento do DVD, mas afinal nada disso adiantou e a "2001" teve o mesmo fim de tantas outras, pequenas, recônditas, anônimas lojinhas que pelo país afora levaram música, informação e cultura industrial para ouvintes menos ou mais afortunados.
Nesta lista, inclui-se obrigatoriamente a tão pequena quanto célebre seção de discos do "Foto Seridó", em Parelhas, onde os tais menos afortunados também podiam, naturalmente, resolver a falta de dinheiro para comprar um ou dois discos inteiros usando a fartura das doze faixas que cabiam numa fita K7. As coletâneas do possível. Hoje, quem diria, há fartura de CDs e falta de lojas especializadas onde sejam vendidos. Caprichos daquele senhor tão bonito de que falava Caetano Veloso ("tempo, tempo").
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