segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sertão, GO


O sertão goiano, sendo profundo como o mineiro e quente e seco como o nordestino, talvez seja um pouco mais sertão que os demais. Por ser um sertão de sínteses, uma meia estação onde se cultiva à flor da terra a geografia onde a povoação é teima e a doçura agreste é saudade. Aqui, entre o quadrado do poder oficial e a fumaça do sudeste urbano, preserva-se por feliz desinteresse econômico uma atmosfera de céu claro, sol quente, ar frio e terra aspirada.

Aqui é a hospedaria dos sacis, a pousada dos redemoinhos, o ocaso do passado. Cemitério de eras que se superpõem em camadas invisíveis de conquistas e abandonos. O sertão goiano, sem o orgulho histórido do grotão mineiro nem a mazela secular do sítio nordestino, carece de títulos, nobrezas contra ou a favor, reputações, Lampiões, Xicas e diamantinas figuras. O mais que tem são suas Coras, coralinas habitantes de uma vida-sem. Por isso mesmo, seu sertão tem mais essência.

Nele, no sertão goiano, não há mais o que vivenciar que não sua própria flora torta, baixa e de capins amarelados pela estação. Não existe fruta desidratada e poupa de fruta pra fazer suco caseiro... pois então: o sertão goiano é assim como o interior desidratado, sintético e compacto onde mais o Brasil é rural e sertanejo. Sem máculas de fama, sem bravatas de historiador vaidoso, sem facilidades de turismo pronto. Sertão desassombrado de vasta luz a fustigar com natureza o seu viajante.

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