terça-feira, 9 de agosto de 2011

Gervásio e a corrupção


Gervásio, o rato do Planalto, é um velho conhecido de quem freqüenta este blogue há algum tempo. Para quem não o conhece, nunca falta oportunidade num país chamado Brasil. E esta maneira de dizer as coisas, com rasgos de indignação e pitadas de hipocrisia pretérita faz bem o estilo do nosso herói. Trata-se do líder de certa malta que durante anos freqüentou os porões do palácio mais decisivo de Brasília e, por mais que o tempo passe, os partidos mudem, as ideologias caiam, mantém-se firme – nem que para isso precise passar umas temporadas de desconforto nos porões vizinhos do Senado.

O rato do Planalto está de volta, como não poderia deixar de ser, em função do noticiário – este espelho em que Gervásio se contempla e se reconhece. Se durante meses ele precisou curtir as agruras de viver às custas das bolachas dos funcionários da Rádio Senado, eis que agora há notícias de que voltou a alimentar-se decentemente dando umas escapulidas até determinados prédios da Esplanada dos Ministérios não muito distante. Há sempre o risco, claro, de um ex-rato do Planalto sem o preparo físico dos tempos dos militares acabar sendo esmagado por um carro no Eixo Monumental, mas e daí? Sempre se pode arriscar um pouco. Até porque no fim das contas um tabefe dado com uma edição mais grossa de uma revista semanal pode causar muito mais estragos.

O fato é que Gervásio reapareceu pra mim naquela mesmíssima faixa de pedestres que separa o acesso à garagem da Câmara e as instalações anexas do Senado. Vinha eufórico, ao contrário dos encontros anteriores. Contando vantagem. Dizendo que foi, enfim, redescoberto. Que a última vez em que teve uma miragem de volta aos bons tempos foi em 2005, quando se falava num tal de “mensalão”. E disse que só espera que desta vez o motivo de seu contentamento se sustente – ao contrário daqueles tempos já tão distantes.

Porque, afinal, já está mais do que na hora de ele e sua gente voltar ao lar, de malas, queijos e bagagens. Além de um farnel de propinas para os quais certa imprensa amiga nunca terá olhos para ver. Dizem, confidenciou-me Gervásio assim como quem conta algo que só circula nas mais restritas rodas, que tem uma tal faxineira dando umas incertas nos porões do Planalto para onde a turma dele pretende retornar. Tirando essa tal, diz Gervásio, parece que é caminho livre. Só nos resta, conclui o rato, esperar. E saiu fazendo figa indeciso entre o Ministério do Turismo e a Conab.

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