quinta-feira, 31 de março de 2011
Chame Tarzan!
Se você tem mais de trinta anos, é bem possível que, num esforço de memória, lembre daquele tempo em que a Rede Globo produzia uns especiais infantis bons pra danado para os adultos. Não sei se as crianças gostavam, porque afinal de contas não as tinha naquela época. O fato é que nostálgicos atávicos que nem eu não resistem quando vêem nas boas lojas do ramo a reedição das trilhas sonoras daqueles já antigos petardos. Pior é quanto o cidadão realiza seu projeto pessoal de infantilização dizendo que está comprando o CD para os filhos que, além da rabugice dos pais, ainda são obrigados a levar a fama pelo gosto musical não muito recomendado hoje em dia.
Em resumo, essa história toda é pra dizer que estou eu a ouvir, deleitadamente, as firulas do velho e bom “Pluct Plact Zum”, coletânea pop-infanto-juvenil-nostálgica, quando toca o refrão daquele velho sucesso da era pré-FM, na voz coletiva do saudoso conjunto “Gang 90 e Absurdetes”:
“Chame, chame, chame Tarzan!”
“Chame, chame, chame Tarzan!”
“Será que o King Kong é macaca?”
“Que o King Kong é macaca?”
Você não se recorda? Então você é muito novo ou nova. Não lhe resta outra opção a não ser comemorar diante do espelho ou envelhecer de costas para a vaidade.
Bernardo, que com seus 4 anos a se completarem agora em maio é alguém que praticamente acabou de sair da embalagem e ainda tem cheiro de carro novo, espichou o ouvido para o refrão do roquinho inocente da Gang 90.
E eu, já tentando dirigir o futuro gosto musical do menino:
- Olhai, Bernardo, é a música de Tarzan!
E ele, refutando minha débil tentativa:
- Não, papai. É a música do “gulira”
- De quem?
- Do “gulira”!
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