sexta-feira, 20 de junho de 2008

Minha viagem com Amy (FINAL)


Aqui chegamos, encerrado o flash back, ao mesmo momento da primeira postagem desta série. Hoje, a caminho do trabalho, botei o CD Fridadeira Musical no carro e senti o impacto sonoro da voz pastosa, do estilo quente, do timbre negro da branquela autodestrutiva Amy Winehouse. Não fico lendo sobre os porres dela, não me impressiono com sua estampa retocadamente decadente, não me identifico muito com esse lance de "o mundo é uma merda e por isso vou beber até morrer". Mas a maneira como Amy Winehouse canta, colocando aquela voz saturada de humanidade e juventude inútil sobre bases que lembram a musicalidade inocente dos anos 50 (ao menos nas faixas que ouvi, e não me pergunte quais são, porque não sei os nomes) dispensa qualquer moldura. Ela se basta - e se efetivamente morrer amanhã ou depois depois da enésima bebedeira eu sinto muito, meu bem, mas talvez não fosse para tanto. Bastava seguir cantando. Idem para Cássia Eller, idem para Renato Russo. Antes de qualquer coisa, essas figuras, sabe-se lá porquê, são excelentes cantores.


E deve ser por isso que gostei tanto de Amy Winehouse sem ingressar no culto à estampa mercadológica de sua figura. É que eu gosto de cantores: gosto, por exemplo, de Tony Bennett, que meu outro amigo, Plácido Fernandes, ouvinte exigente, não aprecia. É um negócio pessoal: gostei de Winehouse como gosto de Tony Bennett, como gosto de Mart'nália (ela merece uma postagem à parte, com aquele desempenho que mantém no ar os últimos ecos da voz de Cássia Eller), como gosto daquele disco de canções italianas que Renato Russo fez, numa postura assumida de intérprete, como gosto de Roberto Carlos.


Agora sim, eu vou ouvir, com cuidado e atenção, o CD original de Amy Winehouse que Carlão fez questão de me enviar, pelo Correio, como quem faz questão de marcar presença e não sossega enquanto não divide com um amigo uma descoberta genial. Vou ouvir, Carlão, e muito, pode ficar certo.

Um comentário:

Anônimo disse...

acho que morrem cedo porque sentem as coisas num tanto que permite cantar como cantam. deu para entender meu barroco raciocínio?
uatno à amy, conhecia um disco onde ela canta bem rasgado, bagaça mesmo. comprei outro e achei bom mas, senti a falta da Katchaça e das outras coisinhas na voz dela. no fundo, a gente gosta da auto imolação deles, chega a pedir bis.