Um pouquinho de Natal se mudou para Brasília desde a semana passada. Na última quarta-feira, foi aberta aqui a filial do restaurante Mangai, aquele especializado em comida sertaneja que vive lotado de turistas e natalenses ali em Lagoa Seca (ou será Lagoa Nova?), em Natal, e que começou em João Pessoa, embora seja de propriedade de gente da capital potiguar. Depois de Ponta Negra, do Midway e do ruge-ruge de Nova Parnamirim, o Mangai é um das coisas de que mais gosto em Natal. Pode me xingar de turista deslumbrado que não vai fazer diferença. O máximo que posso fazer é dizer que também sou fissurado no Farofa D´água, aquele outro restaurante regional de Ponta Negra, e em subir e descer a Ladeira do Sol assim que boto os pés na cidade.
Dito isso, já vou contando vantagem: pois o Mangai de Brasília, acreditem, é muito melhor do que o de Natal (do de João Pessoa, que foi o primeiro onde comi, nem se fala). Os donos do restaurante botaram para quebrar: comprar um super-terreno, uma coisa latifundiária à beira do lago Paranoá, bem em frente ao novo cartão postal da capital do país, a ponte JK. Você come vendo a ponte e o lago. Se ventar um pouco mais forte basta fechar os olhos para você ter a sensação de que está ali nas imediações da Salgado Filho sentido a brisa de Natal. Se não fosse a umidade baixa, claro, que irrita o nariz da gente por aqui e estraga qualquer fantasia. Neste terrenão, ergueram o restaurante, um super-pavilhão de pé direito altíssimo e muito, mas muito, espaço vago entre as mesas. Pelos recantos, a decoração temática que é outra marca do Mangai. Em Natal tem aquela lagoa artificial cheia de peixes. Aqui, sabe o que eles fizeram? treparam no alto de uma parede uma Rural - sim, uma Rural, aquele carro antigo, caindo de velha e esborrotando de cheia, com sacos, trouxas, caçuás e afins, e a inscrição na porta: "De Catolé do Rocha para Brasília", referência à saga dos candangos. A comida, que é o mais importante, é a mesmíssima de Natal. Até as bananas estão penduradas num paredão, embora eu desconfie muito de que aqui a clientela vai ficar com vergonha de pegar as bichinhas e comer junto com feijão, arroz, carne e farofa, como se faz - eu, pelo menos, faço - lá em Natal.
Aqui, um parênteses pessoal: prefiro o Mangai para jantar. Talvez pelo fato de dona Isabel, minha sogra, levar a gente lá sempre à noite quando estamos em Natal; Dona Isabel é fã número um do Mangai e uma espécie de álibi pra mim, já que sempre me acompanha no saque das bananas penduradas. Mas o almoço cai melhor no Farofa ou no Bidoca, onde a comida é menos seca. Mas para jantar, já é melhor o Mangai, ao menos para mim, porque como menos - e, em Natal, não está tão lotado quanto de dia. Aí tenho mais sossego pra ir mais na degustação refinada do que no apetite grosseiro, com a família toda - Rejane, os meninos, minha mãe, dona Isabel, Fabinha, Sandra e Novo, Raísa, Titina e César - reunida, que beleza.
Mas não esperei pelo jantar nesse sábado, quando fomos conhecer o Mangai de Brasília. Juntei a fome com a vontade de comer e me inaugurei junto com a nova casa. Cinco horas e muitos outros passeis depois, eu continuava com a sensação de saciedade no ponto, sem sombra de fome, e percebi assim o quanto é de "sustância" a culinário sertaneja. E o terração que tem lá fora, na parte externa do restaurante, pra você fazer a digestão numa cadeira, num sofá ou numa rede enquanto espia a tal da terceira ponte ao anoitecer? Eu não sabia se estava em Brasília, em Natal ou diante da Baía de Sidney, na Austrália. Não fosse a seca do Planalto Central acabar com a festa, como sempre nesta época.
Vamos voltar sempre: agora só falta abrirem uma sucursal do Midway, uma Ponta Negra artificial ou quem sabe, já que a vontade é o limite, uma loja da Locadora Planalto e vamos sentir bem menos falta de Natal quando a seca de Brasília apertar.
8 comentários:
deu vontade de ir lá comer uma tapioca... e aí ainda está seco? pq aqui está molhado até demais: chove pra caramba! beijins pra todos.
Eu fui no Mangai de João Pessoa e adoreeeeeei a comida! Foi a primeira vez que comi carne de bode (eu nem sabia que isso podia ficar tão bom). Também me empanturrei de tapioca generosa por dentro e por fora. Vou correndo lá! Depois me diga onde é que fica!
Tião, texto e fotos me deram vontade de encarar as quilométricas filas do Mangai brasiliense...Vou ver se encaro à noite, quando deve ser mais tranqüilo.
Tião o texto está ótimo...só com uma correção....não é um pouquinho de Natal que está em Brasília e sim um pouquinho de João Pessoa-Paraíba que está em Brasília. Pois a família Mangai é de Catolé do Rocha-Paraíba e a Matriz deste restaurante é em João Pessoa-Paraíba, onde tudo começou. Depois é que foi aberto o Mangai de Natal, bem mais sofisticado, e agora o de Brasília, mais sofisticado ainda para se adequar às belezas do planalto. A gastronomia é da Paraibana e não Potiguar, dita pela própria dona do Mangai.
Estive lá hj. A comida é honesta, e nada de especial. Conforto: ZERO. Fiquei mais de hora aguardando para entrar e eenfrentar uma fila kilométrica para me servir. Muito caro também. Por aquele preço, como muito melhor e de forma mais confortável em outro lugar. Não pretendo voltar.
Esse anônimo não sabe o que diz. Aquilo tudo por aquele preço é uma bagatela! Afinal, os restaurantes em Brasília, em geral, são caros, o que não é o caso do Mangai. De fato, o restaurante é tudo isso que foi escrito e muito mais. Sem contar o espetacular atendimento.
INTOXICAÇÃO ALIMENTAR NO RESTAURANTE MANGAI BRASíLIA: Minha esposa e eu adorávamos o Mangai até o dia de meu aniversário, na semana passada, quando sofremos uma forte intoxicação alimentar e, após muita diarréia e vômitos, passamos a madrugada no hospital. Após contato amigável com o Restaurante, eles se eximiram de qualquer responsabilidade, tratando-nos com absoluta indiferença. Um amigo sofreu o mesmo há cerca de 6 meses, e a recepcionista do hospital também. Pensem: tamanha quantidade e variedade de comida exposta por tanto tempo sob o calor de Brasília, só pode dar nisso. Fica a recomendação: cuidado com o Mangai.
Eu acabo de passar 12 horas de sofrimento co. Intoxicação alimentar depois de ter almoçado no Mangai de João Pessoa
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