sexta-feira, 20 de junho de 2008

Minha viagem com Amy (3)

Por mais que eu e Carlão rodássemos pelas lojas, nenhuma tinha o CD de Amy Winehouse. Ao menos não a versão mais barata, com capa de papelão, pela metade do preço. Descobrimos, numa loja da rede 2001, a principal de Brasília (a caminho de fechar de vez, infelizmente) que o disco chegaria em alguns dias, um pedido havia sido feito, porque todos os que estavam disponíveis haviam sido vendidos rapidinho. Carlão já não gostou: êpa, já tá ficando popular demais! E eu não gostei da reação dele: êpa, deixa de frescura de exclusivismo de intelectual! Carlão foi embora e, até a última hora, tentou achar o disco para me dar de presente. Mas nem na loja do aeroporto o encontramos. Eu já estava achando aquilo um exagero, mas se há alguma coisa que me liga ao meu amigo Carlão é um negócio chamado paciência - pode perguntar a ele que ele vai confirmar. Carlão, quando não se sente muito à vontade em determinada situação, é tomado por uma ansiedade capaz de fazer estremecer uma multidão. Mas disfarça tudo muito bem com uma boa dose de auto-ironia. Eu sou tão ansioso quanto ele - ou mais - mas escondo o liquidificador interno usando uma capa de semicatatonia nas ruas por onde ando. Resultado: ele parecia uma mula teimosa num curral desconhecido, eu, um monge alienado numa casa pegando fogo. Amy Winehouse iria se divertir muito vendo essa dupla vagando pela seca de Brasília em busca de um CD com sua voz.

Vulgaridades literárias à parte, Carlão se foi. E eu, atento àquela importância que ele deu a Amy Winehouse, resolvi esquecer todo o marketing tipo "vou botar pra foder comigo mesma" da moça e fazer um teste. Desses que todo mundo faz: consegui, nas fontes alternativas da internet, umas músicas cantadas pela bad girl. Com as músicas devidamente abrigadas no meu computador, ouvi alguma coisa mas não me impressionei muito. Indiferente - acontece, as circunstâncias às vezes são tudo na vida da pessoa - , passei tudo para mais um dos meus inúmeros CDs caseiros de coletâneas, escrevi com aquelas canetas especiais um nome no bicho - "Fritadeira Musical" - e esqueci o petardo por ali pelas mesas.

(CONTINUA)

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, Sebá, Pedrinho já viaja com Amy...A conheci através dele.

beijo e até quarta