terça-feira, 13 de novembro de 2007

Paris-Tirol num livro de bolso


Para levar da melhor maneira possível a temporada hospitalar, saquei da estante uma dessas edições de bolso da L&PM ou editora similar. "Morte na alta sociedade" não é a britânica Agatha Christie, mas o francês Georges Simenon que, em comparação com a criadora de Poirot, tem uma narrativa mais porosa, com espaço para observações mais inexatas sobre o universo pessoal de suspeitos e insuspeitos.

Nesse livrinho de Simenon, acompanhamos o comissário Maigret - seu Poirot introspectivo - tentando descobrir quem matou um ex-embaixador de renome que manteve durante décadas um romance platônico com uma dama igualmente aristocrática. E é como se Maurílio Pinto tivesse que interrogar a família real brasileira. Maigret não sabe onde enfiar as mãos enquanto transita pelos lugares onde vive essa gente decalcada da realidade comum.

Lembrei do delegado Simões, criado pelo nosso amigo Francisco Sobreira em "Páginas manchadas de sangue", que já recomendei umas postagens atrás. Os dois, Simões e Maigret, têm a mesma desconfiança cheia de cortesia, o mesmo faro discreto. Mas um vive em Natal, no bairro do Tirol (pelo menos foi o que eu depreendi por minha conta) e outro em Paris.

São primos, ainda assim.

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