Esta semana passei boas horas metido na biblioteca da UnB, lendo velhas publicações enquanto esperava Rejane prestar uma das muitas provas de admissão ao mestrado. Peguei uma encadernação pesada com edições da revista Manchete do ano de 1973. Tenho essa mania de gostar de ler textos datados publicados na imprensa em geral. Se me cai nas mãos uma edição da Folha de S. Paulo de qualquer dia do ano de 1984 sou capaz de traçá-lo todo com garfo, talher e muito pó de inseto de sobremesa.
Parei de folhear logo nas primeiras páginas porque achei de cara a reprodução da reportagem da revista Time, em que a publicação norte-americana narrava as circunstâncias, os bastidores e as primeiras e mais imediatas reações ao golpe com que Pinochet derrubou - dizem, assassinou - Salvador Allende. Pois é, era uma edição de setembro de 1973 e não havia, naquele momento, notícia internacional mais bombástica.
Matéria extensa, detalhada e - levando em conta o estado atual do jornalismo - bastante equilibrada. A revista especulava sobre o que esperar de Pinochet que, lembrem, era ministro de Allende, a cobra criada dentro de casa. Também destacava o caráter secreto e inesperado do golpe que, segundo o texto, ninguém previra. E ainda levantava as primeiras suspeitas de que os Estados Unidos de Nixon estavam por trás daquilo tudo (informando que os zéua vinham há tempos fornecendo armamentos para os militares chilenos, ao contrário do que acontecia com os outros "setores" da economia, submetidos a boicote branco).
Li tudo isso o tempo inteiro lembrando de... quem advinha? Hugo Chavez, claro, que pode ser considerado uma espécie de versão revisitada de Allende e, como tal, está sempre na alça de mira dos inimigos de qualquer mudança abaixo da linha do Equador. A diferença: ao contrário de Chavez, que tem seus poços de petróleo, o Chile de Allende estava, do ponto de vista puramente financeiro, na lona.
Isso também diz alguma coisa sobre Lula: moderados ou não, os novos líderes latinos de esquerda se preocupam antes em garantir um quadro econômico o mais equilibrado possível antes de arriscar qualquer forma menos ortodoxa de divisão do bolo.
Ficaram espertos Lula, Michelet e até o doidão do Chavez, a quem costumo chamar de "meu herói" (no que apenas imito nosso amigo Augusto Luiz, que ironizava a satanização de Sadam Hussein chamando-o assim).
Ficaram espertos, como dizia. Já não era sem tempo. Enquanto isso, no mundinho do PSOL...
Parei de folhear logo nas primeiras páginas porque achei de cara a reprodução da reportagem da revista Time, em que a publicação norte-americana narrava as circunstâncias, os bastidores e as primeiras e mais imediatas reações ao golpe com que Pinochet derrubou - dizem, assassinou - Salvador Allende. Pois é, era uma edição de setembro de 1973 e não havia, naquele momento, notícia internacional mais bombástica.
Matéria extensa, detalhada e - levando em conta o estado atual do jornalismo - bastante equilibrada. A revista especulava sobre o que esperar de Pinochet que, lembrem, era ministro de Allende, a cobra criada dentro de casa. Também destacava o caráter secreto e inesperado do golpe que, segundo o texto, ninguém previra. E ainda levantava as primeiras suspeitas de que os Estados Unidos de Nixon estavam por trás daquilo tudo (informando que os zéua vinham há tempos fornecendo armamentos para os militares chilenos, ao contrário do que acontecia com os outros "setores" da economia, submetidos a boicote branco).
Li tudo isso o tempo inteiro lembrando de... quem advinha? Hugo Chavez, claro, que pode ser considerado uma espécie de versão revisitada de Allende e, como tal, está sempre na alça de mira dos inimigos de qualquer mudança abaixo da linha do Equador. A diferença: ao contrário de Chavez, que tem seus poços de petróleo, o Chile de Allende estava, do ponto de vista puramente financeiro, na lona.
Isso também diz alguma coisa sobre Lula: moderados ou não, os novos líderes latinos de esquerda se preocupam antes em garantir um quadro econômico o mais equilibrado possível antes de arriscar qualquer forma menos ortodoxa de divisão do bolo.
Ficaram espertos Lula, Michelet e até o doidão do Chavez, a quem costumo chamar de "meu herói" (no que apenas imito nosso amigo Augusto Luiz, que ironizava a satanização de Sadam Hussein chamando-o assim).
Ficaram espertos, como dizia. Já não era sem tempo. Enquanto isso, no mundinho do PSOL...
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