sábado, 2 de julho de 2011

Calmaria poética no mar de Florence


Hortaliça poética nascida de fértil estrume feminino; arabesco de palavras grávidas de sentidos esparsos, mas certeiros; bolha literária tão intangível quando pulsante naquilo que os opacos chamam, à falta de palavra melhor, de âmago de alguma coisa. Isso é “Os Transparentes”, breve mas dramático compêndio de Florence Dravet sobre as criaturas sutis que vicejam meio invisíveis sob o cobertor contemplativo da sensibilidade poética.

Curto na extensão, compacto no formato, ilustrado na contramão dos hábitos editoriais, “Os Transparentes” é um rosário de imagens, naturalmente mais fortes nas palavras do que nos desenhos complementares, a cerzir com tinta visível apenas a olhares aquecidos pelo fogo das sugestões os mapas íntimos de quem vive ligeiramente acima da superfície literal das coisas. E além do mais é mais uma edição com a chancela mimosa e algo fetichista da brasiliense Casa das Musas. Artesanato literário da melhor qualidade tanto no pensar quanto no produzir.

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