terça-feira, 24 de novembro de 2009

Meu tio Ahmadinejad


O sujeito é feioso como o capeta, tem um nome impronunciável, padece de uma falta de charme a toda prova, vem de um parte do mundo onde as mulheres andam cobertas que nem almas penadas e ainda por cima, dizem as más línguas, tem na garagem do quintal um artefato quase pronto para detonar o mundo. É muita concentração de maldade por metro quadrado de uma pessoa só. Mas o pior mesmo é que, apesar de tão maligno e nefasto, o danado do - vamos lá, a gente consegue - ahmadinejad (a quem, por questões menos de simpatia do que de praticidade puramente lulista passarei a chamar de "camarada ahma" pelos próximos parágrafos) tem um quê daquele nosso tio que, ao contrário da família inteira, sempre insistiu em viver recluso no sítio da família que um dia foi até legalzinho mas ultimamente virou uma ruína só.

Repare nas fotos nos jornais e na internet: o camarada ahma tem ou não tem um ar de seridoense ermitão, daqueles que só dão as caras "na rua" quando é festa do padroeiro? E quando a gente fica sabendo que o indigitado nega o holocausto, aí é que a semelhança aumenta. Não por questões maiores de História com h maiúsculo, mas por mera coincidência com os hábitos e manias daqueles nossos tipos esquecidos pela família e pelo mundo lá num sitiozinho onde o diabo - ops - fez sua morada. Esse tipo de tio, de péssimo humor e pouquíssima paciência, é bem o tipo da pessoa que adora negar os eventos históricos que surpreendem a humanidade. Ou você não tem um tio esquisitão que jura de pés junto, até hoje, que essa história de homem na lua é lorota de uma tal de televisão?

O fato é que, de dois dias para cá, o "camarada ahma" tem sido demonizado de tal maneira e com tal intensidade que o efeito contrário é inevitável. Não é que a gente simpatize com o regime vigente no Irã - pobre Irã, se a gente lembrar do que vinha antes do atual regime aí é que a porca torce o rabo, como diz meu tio recluso e ermitão - nem que tenha predileção pelos fundamentalimos desse povo tão sem graça. É que, mesmo com todo o saco de maldades que eles carregam, andam levando tanta pedrada que dá pena. E pena, você sabe, gera simpatia - uma coisa leva à outra.

E tudo isso fica pior ainda quando a gente desconfia - com a desconfiança que herdamos daqueles tios que se isolaram lá longe nos grotões das serras - que o apedrejamento geral não se destina exatamente ao feio, sujo e malvado camarada Ahma, mas àquele outro cara, que se não parece com nossos tios arredios, também não deixa de ter certa semelhança com outros membros da família - como aquele nosso outro tio, simpaticão e boa-praça, embora grosso e analfabeto.

2 comentários:

ana sua mana disse...

não simpatizo mesmo com as ideias do cara, apesar de concordar com vosmecê sobre o exagero das notícias contra ele. só discordo quando vc fala que ele é feio como o capeta...sabe que até acho que o cara tem um certo charme? beijins.

Francisco Sobreira disse...

Tião,
Gostei do seu texto. Mas não gosto desse cara, (acho que nunca vou aprender o seu nome), que me parece um sujeito perigoso, que irá causar muitos problemas. Mas diz o irreverente Tutty Vazquez que Lula vibrou por ser mais alto do que ele. Um abraço.