O último livro de 2009 foi também o mais divertido do ano. A biografia de Tim Maia escrita por Nelson Motta é assim como um sunday de caramelo depois de uma refeição reforçada. Sobremesa pura em forma de letrinhas. Não que "O som e a fúria de Tim Maia" seja só um breviário de peripécias pop - o que também, muito frequentemente, agora sem trema, é - mas é que a superficialidade escancarada da narrativa, leveza que condiz com o peso do biografado, ameniza o lado mais sombrio da pessoa. De maneira que ler a vida de Tim Maia segundo o apóstolo de Ipanema Motta soa ligeiro e pegajoso, assim como um sucesso do hit parade. Como uma onda na biblioteca.
O livro segue certa norma editorial em voga que faz das publicações umas quase-revistas de muitas ilustrações, furulas gráficas variadas, tratamento semipublicitário. Mas o fato é que tudo isso torna menos pesado o fardo de atravessar fases da vida em que Tim, ainda muito mais Sebastião, praticamente passava fome vivendo à sombra do sucesso alheio de antigos amigos. Mas também, com aquela vocação para se autoboicotar, chega a ser difícil acreditar que algum dia o gordinho da Tijuca chegaria onde chegou. E, mesmo já estando neste tal lugar onde chegou, continuou - como uma entidade atormentada que conhece sua genialidade e se diverte em desafiar o imponderável - a praticar o nem um pouco saudável esporte de caminhar em rotas de colisão.
Se é que alguém ainda não leu "O som e a fúria de Tim Maia", o livro pop por excelência de 2008, preciso arrumar tempo e espaço aqui para dizer que há no livro a experiência do artista como praticamente um sem-teto nos EUA (lá e então, um bicho resultante muito mais de certa loucura underground do que das necessidades sociais que tanto conhecemos aqui abaixo da linha do Equador), a doença que detonou os testítulos do autor das melhores canções mela-cueca, as chagas das privações que fizeram Tim implorar por uma esmolinha a Roberto - ele mesmo -, sem falar nos coquetéis formados por bauretes-brilho-uísque-mulheres-noitadas tudo ao mesmo tempo agora como convinha ao estilo mais grave, mais agudo, mais som, mais tudo de Sebastião Maia, esse meu xará.
O livro segue certa norma editorial em voga que faz das publicações umas quase-revistas de muitas ilustrações, furulas gráficas variadas, tratamento semipublicitário. Mas o fato é que tudo isso torna menos pesado o fardo de atravessar fases da vida em que Tim, ainda muito mais Sebastião, praticamente passava fome vivendo à sombra do sucesso alheio de antigos amigos. Mas também, com aquela vocação para se autoboicotar, chega a ser difícil acreditar que algum dia o gordinho da Tijuca chegaria onde chegou. E, mesmo já estando neste tal lugar onde chegou, continuou - como uma entidade atormentada que conhece sua genialidade e se diverte em desafiar o imponderável - a praticar o nem um pouco saudável esporte de caminhar em rotas de colisão.
Se é que alguém ainda não leu "O som e a fúria de Tim Maia", o livro pop por excelência de 2008, preciso arrumar tempo e espaço aqui para dizer que há no livro a experiência do artista como praticamente um sem-teto nos EUA (lá e então, um bicho resultante muito mais de certa loucura underground do que das necessidades sociais que tanto conhecemos aqui abaixo da linha do Equador), a doença que detonou os testítulos do autor das melhores canções mela-cueca, as chagas das privações que fizeram Tim implorar por uma esmolinha a Roberto - ele mesmo -, sem falar nos coquetéis formados por bauretes-brilho-uísque-mulheres-noitadas tudo ao mesmo tempo agora como convinha ao estilo mais grave, mais agudo, mais som, mais tudo de Sebastião Maia, esse meu xará.
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