sexta-feira, 10 de junho de 2011

Procura-se ministro


Segundo todos os indicadores e as fontes mais confiáveis dos gramados secos de Brasília, há uma vaga de ministro praticamente desocupada em um dos andares do Palácio do Planalto. É o lugar ora ocupado pelo "garçom". Mas que ninguém vá fazer piada com relação ao apelido do ministro que sai em função de sua alegada pouca importância na negociação política. Pelo simples fato de que o outro, muito mais poderoso na teoria, o "fiador", na prática caiu. E antes. Então, à guisa de anúncio jamais publicado, segue o classificado da hora na capital dos crachás (conforme nomenclatura do professor Gustavo de Castro):

Procura-se ministro que não seja tão fraco quanto um garçom nem tão forte quanto um fiador.
Procura-se ministro que fale à direita, à esquerda e ao centro mas não sofra de torcicolo ideológico crônico.
Prucura-se ministro que goste tanto de ver o Faustão quanto o Gugu, sem perder uma edição dominical do Manhatan Conexion.
Procura-se ministro afeito à defesa da natureza e ao mesmo tempo chegado ao agronegócio, mas que não consuma agrotóximo não declarado à Receita Federal.
Procura-se ministro Fla-Flu quase virando a casaca para o lado vascaíno mas sem olho grande e mal disfarçado para o campeonato europeu.
Procura-se ministro que não se sinta meio deslocado em reunião de trabalho com Dilma, Gleisi, Miriam, Izabela e Ana.
Procura-se ministro que seja desenvolvimentista ortodoxo e metista inflacionário heterodoxo sem que seja preciso renegar o Consenso de Washington com tanta ênfase.
Procura-se ministro que saiba segurar a bandeja nos momentos de desequilíbrio político e também assinar o cheque na hora em que o locatário não pagar o aluguel.
Procura-se ministro que saiba subir sem soberba e cair sem perder a elegância.
Procura-se ministro que fale à velha mídia e aos blogues progressistas usando palavras do mesmo dicionário.
Procura-se ministro que, na iminência da ruína, não vá sair correndo pra arrotar grandeza sob a marquise da Rede Globo.
Procura-se ministro que, alvo de búlingui feito menino de escola secundária, seja capaz de perder a calma por pelo menos dez minutos (depois pode voltar a alisar calmamente os bigodes).
Procura-se ministro.
Deixar currículo no Palácio do Planalto.

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