segunda-feira, 6 de junho de 2011

Das penas indecisas



Dilma era "poste", depois virou "Lula diferenciado" e agora é "birrenta". Afinal, quem é Dilma?

Lula já foi o líder sindical que ameaçava a ditadura militar. Depois foi sapo barbudo disputando a Presidência da República. Depois foi o queridinho da juvenília política do final dos anos 80. Depois foi o presidente da semi-unanimidade no primeiro ano de governo. Depois foi o presidente que não conseguia tira o fome zero do papel. Depois foi o bebum do New York Times. Depois foi o presidente do mensalão. Depois foi o presidente que acreditou no mercado interno e livrou o Brasil da crise financeira internacional. Depois foi o presidente que envergonha a juvenília política da velha classe média do novo milênio. Depois foi o presidente que conseguiu eleger um poste para sucedê-lo. Depois foi o presidente que descolou passaporte diplomático para a filharada. Neste ínterim, também foi "o cara" do Obama. Foi nosso mito e nosso orgulho, nossa decepção e nossa vergonha. Tudo depende do momento e dos humores dos articulistas de plantão (sim, não são apenas os políticos que dão plantão no poder, como tão bem gostam de escrever os jornalistas de ponta, todos candidatos a uma vaga na Academia Brasileira de Lesmas).

Dilma já foi a ministra-limão das Minas e Energias, já foi a pedetistas que aderiu ao PT na última hora. Já foi a antipática que ninguém imaginava ocupando o ministério da Casa Civil (Golbery devia ser um doce, mas isso é outro assunto). Já foi o poste que Lula escolheu para tentar sucedê-lo. Já foi a candidata abatida por um câncer em estado inicial de campanha eleitoral. Já foi a sapatão dos panfletos apócrifos. Já foi candidata que não tangiversava nos debates eleitorais. Já foi a presidenta que seria teleguiada por seu mentor durante todo o mandato. Já foi a presidenta que contrariava a deselegância indiscreta de seu mentor durante o mandato. Já foi a presidenta séria que ninguém, ninguém mesmo, imaginava que seria. Já foi a presidenta séria que examinava com lupa cada indicação e preferia sempre alguém com estofo técnico para os cargos a ocupar. Agora, Dilma é a presidente birrenta, que bota tudo a perder, do Código Florestal a medidas provisórias que caem por decurso de prazo, já que não sabe conversar com... o PMDB. É o que dizem no presente momento os articulistas candidatos à Academia Brasileira de Lesmas. Mas não se apavore, amigo leitor e eventual simpatizante da birra de Dilma (talvez você até tenha votado nela justo por causa dessa característica incomum em presidentes): a toda hora, eles, os articulistas candidatos à Academia Brasileira de Resmas, mudam de opinião, como demonstra este mesmíssimo texto que você está a ler.

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