quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Ela





Quando a vi pela primeira vez, já lá se vão uns quinze anos, deu pra sentir de imediato um certo hálito de boa ansiedade juvenil. Foi como se um ventinho a mais, além de todo aquele que circula pelas ruas do Tirol, tivesse me refrescado a visão, a audição, olfato e tato.
O primeiro sentido revelava um rosto jovem e sorridente, uns olhos de verdejante cor indefinida e um aspecto geral de moça descolada, que por se saber tão integralmente bela não liga muito de viver de jeans gasto e camiseta branca.
A segunda sensação soou como música. De um tipo de cancioneiro que mesmo tendo se tornado sinfonia cotidiana nunca me cansou. Estou falando da voz dela, que contém o timbre e inflexão perfeita para adornar a figura de qualquer mulher - até mesmo das feias, e não é este o caso. É uma voz melíflua, pronunciada com uma fluidez suave, levemente cantarolada e usada para compor frases que quase sempre terminam num terno gracejo. O que eu posso querer mais?
Do olfato, veio-me uma mistura de maresia molhada com perfume seco de sertão. Dois planetas olfativos girando na órtita daquele jeito dela. Depois vieram os perfumes que ela nem precisa, claro, mas teima em usar.
O tato fica por último porque dispensa comentários e iria tirar o ar contemplativo da crônica. Vou me limitar a dizer que a qualidade da pele emitiu seus orvalhos diurnos sobre mim (era de tarde o horário daquele encontro).
Semana passada, ela fez aniversário e eu, como das outras vezes, esqueci a data exata. Pedi desculpas, comprei discos de Zeca Baleiro, fiz cara de coitadinho mas estava faltando alguma coisa. Uma palavra ou um punhado delas para recompor a nossa velha e boa canção.

7 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro (como gosta de tratar as pessoas o nosso amigo Moacy), uma bela crônica sobre a mulher amada. Na escrita, a que não falta um acento lírico, na força das observações de um amante para a amada.

Anônimo disse...

o comentário é pra rejane: depois de uma crônica dessas, tenho certeza que vc desculpou o esquecimento do seu niver...
ah, e parabéns -muito-atrasados !
beijos pra família toda.

cego aderaldo disse...

o amor bem-dito, tia seba, é lindo e meio. parabéns, comadre, pelo cumpleaños, e compadre, pela prosa porosa.

Marcya disse...

Ai, que lindo!

Anônimo disse...

lindo tião, e beijo na rejane.. sorte pra ela na seleção do mestrado...

Anônimo disse...

Irma amada hermosa tu bem que merecia o amor.. porque ele está em você e isso é lindo.
Tião, que bom que você está em minha irmã.. viva o encontro de almas!
Parabéns a todos.
Minha irmã nani, feliz vida e amor sempre.. saúde amoroso pra família.
Viva! Viva!

Jesus de Miúdo. disse...

Tião, lemos a quatro olhos - eu e minha Vigélia (e ela, a minha amada, prima da sua amada, adorou a sua declaração de amor). Acho que beleza feminina é dádiva de Deus para a família Dantas. Né não?