Há duas semanas ou três, que a precisão nunca foi o forte do Sopão, deu-se nos céus do planeta uma conjunção de astros deveras curiosa. No alto, uma meia lua daquelas dos brincos das garotas dos anos 80 e, abaixo dela, alinhadas, duas estrelas brilhantes, Marte e Vênus, bem próximas. Quando a mão invisível do nosso olhar traçava, quase inevitavelmente, uma linha reta entre as estrelas, formava-se como que o assento de um balanço, desses de divertir menino, suspenso na meia lua caso, claro, o mesmo olhar desenhista completasse o esboço e traçasse outras duas linhas - cada qual saindo de uma estrela para a lua lá no alto. Um triângulo luminoso no céu da Terra, espichado como aqueles que vinham em forma de régua nos estojos escolares.
Posicionados no céu como desenho de caneta bic em papel de pão, lua e estrelas pareciam um presente para marcar um final de tarde daqueles. Era sábado e a casa esteva cheia. Nina e Sérgio vieram com a garotada para um café sertanejo com a gente e mais Adriano e Flávia, que passavam uns dias em Brasília - e levaram o invejável título de nossos primeiros hóspedes na casa nova. Depois de horas de comilança e conversa, de esgotada a série "de A a Z" dos velhos tempos da TV Cabugi, das avaliações sobre a recente campanha eleitoral em Natal, a noite foi se chegando e, em meio às despedidas na varanda, Sérgio, não por acaso um arquiteto, chama a atenção de todo mundo para o diagrama inspirador no céu - o triângulo de lua e estrelas que acabou noticiado nos jornais do dia seguinte como um fenômeno raríssimo. Fenômeno raríssimo para a ciência - que, naquela hora, pra nós, foi mais um presente a sacramentar o encerramento de uma reunião de amigos.
Dias atrás tivéramos outro café sertanejo lá em casa, desta vez com a turma do mestrado de Rejane, com direito a professor da UnB ajudando Bernardo a manejar a colher na degustação de um prato de cuscuz. Mas o Nordeste velho de guerra, resistente como ele só, também estava lá: a desculpa do encontro era promover uma despedida do colega paraibano de Rejane que está concluindo o doutorado em Brasília e vivia reclamando dessa cidade onde ninguém chama ninguém pra tomar uma. Pois chama, rapaz. E os dois encontros serviram ainda para apresentar a velha nova casa, ou nova casa velha, a um punhado de amigos que comemoraram com a gente a mudança de endereço. Breve aqui as fotos que confirmam a postagem.
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