sábado, 1 de janeiro de 2011
Lula vai pra galera
A melhor e mais significativa imagem de todo o longo dia da posse de Dilma foi protagonizada por Lula. Não porque a nova presidente não esteja à altura do anterior ou qualquer comparação do tipo, mas porque para além dos vários momentos rituais, seja nas ruas ou nos palácios, o momento mais marcante será sempre aquele que contém o que há de mais humano nessa liturgia toda. E não havia como um Lula emotivo por natureza - e não Dilma, que soa mais como alguém cerebral de nascimento - não estar à frente de um momento assim. Quem assistiu a tudo pela TV Câmara viu melhor este momento a que me refiro.
Não foi nem a transmissão da faixa nem o discurso no parlatório, tampouco a descida da rampa - embora este último momento tenha sido a prévia mais próxima no tempo daquele de que se fala aqui. Foi, pra usar uma expressão popular como o agora ex-presidente, o momento em que Lula foi pra galera. Depois de descer a rampa entre abraços e despedidas dos seus ministros, Lula atravessou a via N1, que é aquela que separa o Palácio do Planalto da Praça dos Três Poderes, abriu um portão na grade que mantinha o povo ligeiramente à parte da sede do Poder Executivo e... jogou-se nos braços da multidão. Como um atleta que se joga num salto triplo com pleno domínio da segurança que o ampara. Ou como o artista circense que se lança entre os balanços do trapézio pleno de certeza de sua estranha capacidade de voar.
Lula se jogou na multidão exatamente como se esperava que ele fizesse. Passei o dia trabalhando na TV Câmara, editando uma reportagem sobre a participação do povo na festa da posse e, desde o início da tarde, o repórter com quem trabalhei apostou em esperar a hora da descida da rampa, e o que Lula faria desse momento, como o instante que melhor traduziria aquela participação. Mais do que a festa da posse, como bem anotou nosso amigo Tiago Ramos, esperava-se a emoção dessa despedida. Foi o grande momento de uma festa tranquila, embora chuvosa - e é preciso anotar que, para o público, aquela chuvarada toda foi apenas parte da aventura cidadã de assistir e participar do dia da posse de Dilma. E o abraço de Lula naquela multidão que incorporou o significado normalmente tão vago da palavra povo ficou como sua melhor tradução.
Viu melhor este momento quem acompanhou tudo pela TV Câmara, porque o pool de emissoras que transmitiu a posse - no qual a TV Câmara também fez parte - estava ocupado com a imagem importante, mas fria e formal, da posse dos ministros. Só a TV Câmara tinha uma câmera instalada no vigésimo oitavo andar da torre do Congresso e pode captar, lá de cima, a expressão viva do povo a envolver Lula naquele abraço tão esperado. Na reportagem de Tiago, a que você pode assistir a partir de amanhã acessando a página da TV (www.tv.camara.gov.br), o repórter ainda particularizou este momento, entrevistando a alegria de uma brasileira que veio de Minas para ver a posse e ganhou um abraço de Lula no meio daquela bendita muvuca toda. No geral e no particular, pra resumir, foi uma festa bonita mas pode-se dizer ligeiramente discreta e contida, como se espera que vá ser no dia a dia o governo Dilma.
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4 comentários:
Tião, tem um caralhão de matérias sobre a posse lá no site da TV Câmara. Tu num sabe dizer qual delas é não? Fiquei interessado em ver essa do Lula indo pra galera.
se puder venha conhecer o meu blog e ler algumas considerações que fiz!
Um abraço!
http://pensamentosduneto.blogspot.com/
Eu tava lá pertinho, quando vi ele atravessando a rua yentei chegar, mas não consegui, as lagrimas desceram nesse momento. Foi de fato uma grande emoçao.
Eu tava lá pertinho, quando vi ele atravessando a rua yentei chegar, mas não consegui, as lagrimas desceram nesse momento. Foi de fato uma grande emoçao.
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