quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ecos de Poti no Planalto


É curioso morar em Brasília, ligar o rádio casualmente em casa ou no carro a caminho de trabalho e de repente ter a impressão de estar em Natal. Essa é uma sensação freqüente para potiguares que vivem na capital do país e cultivam, de longe mas nem tanto, a admiração pelo trabalho da cantora e compositora Valeira Oliveira. Porque é isso mesmo o que acontece: você está em Brasília, liga o rádio casualmente em casa ou no carro a caminho do trabalho, e ouve... Valéria. Não em todas as rádios, claro: apenas na Nacional FM, justamente a melhor da capital do país em bom gosto musical, ainda que essa definição esteja sujeito a uma série de ponderações.

Danem-se as ponderações: a Nacional FM (que você pode ouvir na internet; veja o endereço ao final do texto) é a melhor rádio numa cidade muito bem servida neste serviço (se você ouve a rádio Senado, que é retransmitida para Natal, vai concordar comigo). E quando você ouve a Nacional todos os dias, escuta Valéria cantar com uma freqüência bem maior do que esperava. Quase sempre são faixas do CD “Imbalança”, um dos últimos que a nossa artista gravou na fase em que se dividia entre Natal e o Japão. Mas não é somente no rádio que a gente encontra Valéria em Brasília. Há poucos meses, o Lago Norte, uma das áreas mais nobres da cidade, abriu as portas de uma nova unidade de um shopping da rede Iguatemi. Uma das lojas de maior destaque é a Livraria Cultura, a segunda desta rede em Brasília.

Pois passeando pela livraria, tive uma sensação bem parecida com a de estar ouvindo a Nacional FM e de repente escutar o canto de Valéria. Estava lá, fuçando as prateleiras de CDs, quando esbarrei na capinha azul, bela e sugestiva, do disco “No ar”, o mais recente de Valéria Oliveira. Foi como se eu estivesse no Midway numa tarde de sábado sem compromisso – com a diferença, lamentável neste caso, de que o shopping natalense, salvo atualizações, não tem loja de CDs, essa casa comercial em processo de extinção, e de que não é tão fácil assim achar o CD de Valéria, seja este ou os anteriores, à venda no comércio regular de Natal.

Estas duas ocorrências – Valéria cantando na Nacional FM e o seu novo CD à venda na Livraria Cultura de um shopping no Lago Norte – resultam na ironia das ironias: a constatação de que hoje talvez seja mais fácil ouvir Valéria no rádio em Brasília do que em Natal (apesar da Universitária FM, embora esta seja uma emissora segmentada e de expressão bem menor do que a citada rádio brasiliense). A segunda ironia é o fato de também ser mais fácil, hoje, encontrar à venda o novo CD de Valéria na capital do país do que na capital do estado onde ela vive, trabalha, divulga seu canto e sua arte. Pra não buscar motivos mais aborrecidos, podemos simplesmente comentar isso usando um chavão que ajuda a não explicar nada: são coisas da vida, não é, Valéria?

Pelo menos em Natal é fácil ouvir Valéria cantar ao vivo, ali no palco à nossa frente. Mas, a julgar pelo andar dessa carruagem de som, é bem possível que, em breve, quem sabe, nem essa vantagem tenhamos (aqui não tenho como não me situar na posição de quem efetivamente vive em Natal), já que Valéria começa a explorar a noite paulistana, com eventos como o show na casa Tom Jazz que foi um dos mais recentes destaques de sua agenda.

Para ouvir a Nacional FM na internet, clique aqui.

*Publicado no Novo Jornal (Natal-RN)

Um comentário:

valeria oliveira disse...

Oi Tião,
reconheço sua voz nos ecos que ouço aqui vindos do Planalto. adorei ouvi-los. muito bom sacolejar um pouco, os poucos interessados em música nesta cidade silenciosa! estamos caminhando para chegar com o novo trabalho, também "ao vivo", no centro do país.
valeu, bjao e até breve