
Todo mundo - quer dizer, os latifundiários de centímetros nos jornalões pátrios - devem ter achado brega, pra não dizer chulo, como ademais consideram tudo o que vem do ex-sapo barbudo. Não sei se chegaram a afirmar, em palavras peremptórias como costumam ser seus artigos-manifestos para a posteridade e também para o gáudio dos próprios patrões que ninguém de ferro. Enfim, não sei - mas bem que poderiam. Mais uma do "cara", que não se emenda como ocorre a todo zé-povinho que não se preza.
Pois eu aqui no meu canto de onde espiono - muito bem protegido, atrás de barricadas inpenetráveis ao poder de penetração das palavras midiáticas - o grande debate nacional onde não cabe mais do que uma opinião (a de sempre), arrisco lembrar: por volta de 1992, naqueles tempos da tal "era Color", onde todo mundo se orgulhava de detestar ser brasileiro - sentimento que ainda resiste, quando mais elevada é a condição sócio-cultural do indigitado nativo - saiu-se o nosso sempre bravo Caetano Veloso com setença semelhante. Era assim: todo mundo achava que o país não tinha mais jeito. Eu, você, sua mãe (com todo respeito), seu pai, sua namorada, sua amante, seu patrão, seus empregados, todos, todos, todos. Talvez os alagoanos, e apenas os alagoanos, pensassem diferente - mas é coisa pra se investigar e de difícil comprovação. E sai-se Caetano, numa enquete promovida pela Veja ou IstoÉ-Senhor, com a frase: "O Brasil vai dar certo porque eu quero". O forte era o "porque eu quero", já que sobre a primeira parte da setença pairavam dúvidas seculares.
Agora peguem os restos rasgados das revistas semanais de antigamente e tentem sobrepor a frase caduca de Caetano sobre os jornais com a recente declaração de Luis Inácio. Ajuste bem, enquadre, ajeite e veja se, afinal, não é a mesma. "Porque a gente pode" é a forma de dizer, em 2009, o que em 1992 se dizia "porque eu quero". Pena que Caetano não venha à beira do palco para discorrer, como sempre faz com notável competência quando precisa e quer, sobre as qualidades lulísticas de sua fala pretérita. O compositor ganharia uma polêmica a mais - o que não é pouco e, quando as coisas ficam muito calmas, sempre cai bem. O presidente talvez parecesse menos deslumbrado do que quer a vasta camada da população que não engole alguém com cara de povo no palácio brasiliense do poder - ainda que penteadinho pelo marketing e maquiado pelos acordos dos quais dificilmente se escapa.
Um comentário:
só pra dizer que passei por aqui antes do senhor avisar que tinha post novo no sopão...
beijins.
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